Folha de S. Paulo


O melhor time da história

O Barcelona conquistou ontem o quarto título da Liga dos Campeões nas últimas dez edições do torneio. Muita gente esperava o brilho de Messi e a revista "France Football" perguntou, em sua capa desta semana, se isso significaria ser o melhor de todos os tempos. Melhor do que Pelé. Apesar de ter sido decisivo, o melhor em campo ontem, o desempenho de Messi não recomenda a comparação.

Seria preciso argumentar muito.

Mas a atuação do Barcelona avaliza a tese de ser este o melhor time de todos os tempos.

Não o time deste ano, mas o Barça na soma destas últimas dez temporadas.

Só o Real Madrid e o Liverpool conquistaram quatro Liga dos Campeões em dez anos, em momentos diferentes do futebol mundial. O torneio não era tão importante quanto hoje.

Na soma das finais dos quatro títulos, nenhum jogador esteve em campo nas quatro decisões e só Messi, Xavi e Iniesta participaram de partidas nas quatro campanhas vitoriosas.

De janeiro para cá, com o pacto dos craques, o Barcelona voltou a se comportar como melhor time do planeta. Na temporada 2014/15, Messi, Suárez e Neymar somaram 122 gols –a Juventus marcou 104. O Barça fez 175 gols na temporada inteira. A soma de gols e assistências do trio MSN alcançou 177!

Nas quatro finais das quatro conquistas, em Paris, Roma, Londres e Berlim, o Barcelona escalou 28 jogadores. O número baixo para um período de nove anos (de 2006 a 2015) indica como a equipe manteve seu estilo, mesmo com suaves alterações.

Era pressão e posse de bola nos melhores tempos, com Guardiola em 2009 e 2011. Era pressão e rapidez, com Eto'o e Ronaldinho em 2006, era pressão, posse de bola e contra-ataque com Luis Enrique na atual temporada.

Incrível ganhar de um time italiano numa jogada de contra-ataque, como a do chute de Messi, rebatido por Buffon, finalizado por Luis Suárez. Neymar puxou o contra-ataque que o consolidou como o segundo jogador da história a ser artilheiro da Liga dos Campeões e também da Libertadores –só Jardel pelo Grêmio e pelo Porto também conseguiu esse feito.

Neymar também se tornou o nono de uma lista restrita de campeões continentais na América do Sul e na Europa –Dida, Cafu, Roque Júnior, Neymar, Ronaldinho, Solari, Sorín, Samuel e Tévez.

O Barcelona superstar é especial porque tem jogadores extraclasse, mas especialmente porque os transforma em um time diferente de todos.

O que mais uniu a capacidade física de percorrer o campo todo, para retomar a bola em qualquer lugar do campo e transformá-la em gols em quaisquer circunstâncias.

Nos tempos de Pelé, os craques corriam sete quilômetros por jogo. Hoje correm o dobro.

O Barcelona é o clube que mais conseguiu transformar essa mudança em revolução.


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