Folha de S. Paulo


Minas contra a rapa

Dos quatro semifinalistas da Copa do Brasil, o Cruzeiro foi o único sem jogadores poupados na rodada do Brasileirão. Só Mayke descansou, Manoel e Alisson ficaram fora por lesão. Apesar de estar quase completo, não venceu o Figueirense.

O declínio dos resultados do líder torna imprevisíveis as semifinais da Copa do Brasil. O Atlético-MG foi o melhor time das quartas, mas perdeu Guilherme, destaque na goleada sobre o Corinthians há duas semanas.
Levir Culpi montou um pequeno carrossel, com quatro homens movimentando-se na frente. A ausência de Guilherme atrapalha muito o esquema.

O Galo ganhou sete dos últimos dez jogos no Brasileirão e chegou à vice-liderança. Na Copa do Brasil, jogou quatro vezes e venceu três. Nunca antes na história deste país os dois mineiros tiveram tanta chance de terminarem o ano como campeão brasileiro e vice.

Há chance de uma final de Copa do Brasil entre os dois, hipótese existente apenas no ano 2000 e na Copa União de 1987.

Há três anos, a hegemonia Rio-SP era assustadora e explicada pelas disparidades econômicas. Só a ousadia para contratar Ronaldinho e Diego Tardelli, no Atlético-MG, e para manter Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, no Cruzeiro, permitem entender a reviravolta.

Os sistemas de Cruzeiro e Atlético-MG são semelhantes. Marcelo Oliveira libera Ricardo Goulart como segundo atacante, mas quando sua equipe perde a bola ele tem mais compromisso com a defesa do que Tardelli e Guilherme.

O técnico compara o entendimento de sua dupla de ponta-de-lança, Everton Ribeiro e Goulart, com o entrosamento que ele e Reinaldo tinham no Atlético-MG campeão mineiro de 1976, quando era jogador. "Sabíamos onde um e outro gostavam de receber a bola", lembra Marcelo.

Onde está então a imprevisibilidade das semifinais? A velocidade do Santos pode atrapalhar o Cruzeiro, apesar das lesões de Geuvânio e Lucas Lima -o segundo deve jogar- já sondados pelo Napoli.

"No segundo turno, o Santos foi a equipe mais moderna que enfrentei", diz o técnico do Bahia, Gílson Kleina. Detalhe: o Bahia já jogou contra Cruzeiro e Atlético-MG.

O Atlético-MG é mais time do que o Flamengo, mas os desfalques atrapalham e Vanderlei Luxemburgo tem a chance de quebrar seu retrospecto recente. Campeão brasileiro cinco vezes e de uma Copa do Brasil, Luxemburgo não conquista um troféu nacional ou internacional desde que voltou do Real Madrid, em 2006.

A derrota para o Botafogo, no sábado, reforça a desconfiança com o Flamengo, mas a salvação do rebaixamento está próxima e isso motiva na busca pelo inédito bicampeonato da Copa do Brasil.

Entre 2001 e 2012, quem jogava a Libertadores não disputava a Copa do Brasil. Isso impedia a conquista dos títulos em anos consecutivos.

O Flamengo pode mudar essa história. Mas só se conseguir estragar o incrível ano dos mineiros.

ESTRAGA PRAZERES
Quem também pode colocar água no chope mineiro é o São Paulo. A vice-liderança do Atlético no campeonato existe porque o time de Muricy Ramalho tem um jogo a menos, a cumprir hoje à noite. Sem Pato e sem Kaká, a equipe perde rapidez. Mas Ganso tem sido armador e finalizador. Faz gols como não fazia e dá passes como sempre soube. Ele e Luís Fabiano juntos podem vencer o Goiás e colocar o São Paulo de novo em segundo lugar.

UM TIME...
Dois gols sofridos nos acréscimos e a distância para a zona de rebaixamento diminuiu. O Palmeiras ainda paga o preço por montar um time em outubro. Mas Dorival Júnior conseguiu fazer o Palmeiras poder ser chamado de equipe.


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