Sempre quero falar neste livro, mas nunca tenho chance: "Copos de bar e mesa", de Edmundo Furtado. Muito útil, ele traz a origem dos copos e para que servem.
Hoje nos cabe saber em que taça tomar o champanhe do Ano-Novo.
O autor acredita em copos. Copos em geral e sua utilidade. Eu não acredito muito ou tenho medo de acreditar, pois é só ir a alguma degustação explicada, quando mostram como a bebida muda de gosto conforme o copo, que eu me sugestiono infalivelmente e sinto tudo que seu mestre mandar. Lutando contra essa tendência maria-vai-com-as-outras, tomo café em copo, chá em caneca e bebidas no que estiver mais à mão.
O autor do livro, porém...
"Aos poucos, começamos a entender que os copos não são apenas simples acessórios de uso diário adaptados à anatomia humana. Eles são muito mais que isso, interagem com nossos sentidos. Na origem de sua criação está um sopro vital; além disso possuem uma alma que mexe com o espírito das bebidas", escreve ele. "O copo é o instrumento que promove a relação perfeita entre a bebida e o prazer da degustação."
Aqui no Brasil, temos cristaleira desde 1878. No meu tempo de moça lembro dos Cristais Prado, que fechou nos anos 1960 —avisada pelo meu irmão, peguei um fim de estoque de muitos copos que ainda me servem. Hoje, temos Hering e Strauss.
Como saber se um copo é de cristal? Não pode ter bolhas, deve ser transparente, simétrico, pequena espessura no bojo, quanto mais fino melhor. Por último, todos sabemos: o som emitido nas bordas, quanto maior a intensidade da vibração melhor a qualidade do cristal. Um trecho do filme "E la Nave Va" prova tudo.
| Reprodução | ||
 |
||
| Cena do filme 'E la Nave Va', de Federico Fellini |
No momento interessa saber se vamos tomar o champanhe na flüte, na tulipe ou na taça redonda.
O champanhe seco deve ser servido em flüte ou tulipe, pois foram criadas para proteger a integridade das bebidas quando o degustador está de pé.
O copo ou taça que se usava, aberto, flat, é para coquetéis de champanhe e para a bebida pura, mas, quando se bebe dele o gás sai mais depressa por causa da maior abertura da borda. Todo mundo acha essa taça mais elegante. E a lenda de origem muito mais interessante.
A taça aberta foi moldada no seio esquerdo de Maria Antonieta, que queria que sua corte a brindasse com copos desse feitio. Mas a taça foi inventada muito antes do reinado dela. Foi o primeiro copo inventado para o champanhe, na Inglaterra.
A história nasceu em razão de Maria Antonieta ter mandado fazer tigelas de porcelana com bico de seio, para se tomar leite em Versailles. Essa ideia fez com que as mulheres nobres passassem a aleitar seus filhos e dispensassem a ama de leite seguindo a moda de volta à natureza de Maria Antonieta.
O que inspirou a Dom Pérignon a fazer uma taça de champanhe inspirada nos seios de Claudia Schiffer. Então, não se sabe absolutamente nos seios de quem foi inspirada a taça, mas o que se sabe é que não é a melhor para um vinho espumante. O motivo: as bolhas, devido ao diâmetro da boca da taça, dissipam-se mais rapidamente tornando a bebida.... Choca?
O incrível é que nunca perdemos o amor por ela. Anos 1920, 30, 60, seguiu sendo a preferida mesmo não sendo a melhor. Hoje, não se encontra um bar que não a tenha e até coquetéis são servidos nela, por ser redonda, pequena e perfeita para se andar com ela, mesmo estando um pouquinho bêbado.
TAÇA CORRETA
Servir champanhe bem gelado, é a melhor maneira de conservar sua efervescência e preservar todo o sabor da bebida, segundo estudo realizado por cientistas franceses.
Eles confirmaram pela primeira vez a importância de servir o champanha bem frio —a temperatura ideal é 4ºC e com a taça inclinada, pois o champanhe cai mais lentamente, permitindo conservar duas vezes mais as borbulhas.
Estudos anteriores haviam demonstrado que as borbulhas que se formam no momento em que são liberadas grandes quantidades de dióxido de carbono dissolvido permitem transferir o gosto às papilas gustativas.
Mas... vamos escolher entre as duas taças, contanto que o champanhe esteja gelado e nós felizes.