As reportagens do "Washington Post" e do "Guardian" sobre o programa Prism, que permite à Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos acessar os dados dos usuários das principais empresas de tecnologia, inclusive as buscas de Google, Microsoft e Yahoo, entraram no ar na noite de quinta-feira, dia 6 de junho.
Na segunda seguinte, o DuckDuckGo, concorrente dos três que não monitora nem armazena dados dos usuários, registrou seu recorde de buscas num único dia, dois milhões. No final de junho, a média já estava em mais de três milhões. Gabriel Weinberg, que criou o site cinco anos atrás, saiu dando entrevistas de televisão, da CNBC à Fox News.
O DuckDuckGo não foi a única ferramenta de busca a apresentar um salto de tráfego, desde então. Também WolframAlpha, StartPage e outros teriam se beneficiado.
E a coisa não para nas buscas. Uma das primeiras fotos de Edward Snowden mostrou que ele tinha, colado em seu notebook, um adesivo do browser Tor, cuja procura on-line também cresceu no último mês. É uma alternativa mais segura aos browsers onipresentes de Google, Microsoft e Apple, vinculados ao Prism.
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Dias depois das revelações de "WP" e "Guardian", o designer Peng Zhong colocou no ar uma lista extensa de como se livrar das gigantes ligadas à espionagem, Prism Break. Além de busca e browser, também alternativas para mapas, vídeos e fotos, serviços de e-mail, mensagem instantânea e nuvem, até redes sociais e sistemas operacionais.
Uma lista mais restrita saiu na mesma semana no "WP". E um mês antes do escândalo, já atentos às evidências de que a privacidade dos usuários estava sendo devassada, o "Guardian" e o "New York Times" publicaram breves guias; de como apagar os rastros deixados na internet e se livrar, em especial, do Google.
Em janeiro, um dos sites preferidos de Snowden, o Ars Technica, postou "Um guia de segurança na web para iniciantes", primeiro de uma série de cinco com dicas mais elaboradas.
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Como indica o Prism Break, algumas das alternativas hoje mais seguras, como o próprio DuckDuckGo, são também "proprietárias" e americanas, podendo cair na malha da espionagem mais para a frente. E é preciso anotar também que pelo menos um gigante de tecnologia, o Twitter, vem resistindo bravamente às pressões da NSA.
De todo modo, o problema é outro, como alertou a "Economist": está cada vez mais difícil e tedioso para o usuário comum se manter fora do alcance, com as armadilhas espalhadas pelas ações on-line mais corriqueiras. A saída pode estar em legislação mais forte e até no abandono da internet para "algumas coisas".