Folha de S. Paulo


Ufa

Auxiliares próximos afirmam: pesquisas internas mostram que Dilma Rousseff segue, até agora, com a imagem descolada do mensalão, daí seu premeditado toque de recolher diante das prisões do fim de semana. Não quer atrair o desgaste para o seu colo.

Ninguém, nem mesmo o mais falastrão dos ministros, está autorizado a abrir o bico.

Mas é impossível não ver um certo ar de alívio rondando os principais gabinetes do Palácio do Planalto com o fato de a execução das penas ter sido determinada este ano, não no próximo.
Nem é preciso demasiado esforço de reportagem para arrancar, no sempre revelador off, a interjeição "ufa" da boca de um interlocutor presidencial.

A despeito das pesquisas internas, muitos dizem que o governo prefere as prisões agora a ter de administrá-las em pleno ano de eleições.

Mais do que a incômoda foto das prisões em 2014, o receio era de que, ao jogar o assunto para o ano que vem, o caso pudesse alimentar a ira das ruas antes da Copa e, assim, reeditar o "junho bravio" de 2013.

Para integrantes do Palácio, se as prisões só fossem definidas após o julgamento dos tais embargos infringentes (os recursos a serem apreciados em alguns meses), uma ou outra redução de pena poderia ser esse gatilho tão temido em Brasília.

É bom lembrar que, em 2006, o mensalão era quente, e Lula foi reeleito. Em 2012, ano do fatídico julgamento, o PT conseguiu eleger Fernando Haddad em São Paulo, capital de um Estado resistente ao partido e sensível ao tema.

Se o desfecho dessa novela não se somar ao imponderável das ruas antes e durante a Copa, difícil imaginar que, desta vez, o mensalão provoque estragos maiores.


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