Folha de S. Paulo


Chama a NSA

Tivesse Barack Obama ajudado Dilma Rousseff, o leilão de concessões da rodovia BR-262 (MG-ES) não teria caído no "vazio", jargão do setor que indica fracasso. Ao menos se saberia, com alguma antecedência, que nenhuma alma privada toparia o negócio.

Custava alguém da Casa Branca avisar o Palácio do Planalto sobre a necessidade de retardar o certame?

O governo chamava o trecho de "filé". Só não viu que a rodovia era tratada como carne de segunda.

Afora as frustrações, os fracassos renderam piadas de gabinete. Já se fala em importar investidores, a exemplo do Mais Médicos.

O mau humor do setor privado com o modelo do governo há muito deixou de ser novidade. As próprias rodovias foram objeto de problemas meses atrás e por algo elementar: o Palácio do Planalto quis impor a taxa de retorno ao empresário e quase levou um susto com o desinteresse.

Mas faltou aprender com os erros anteriores. Afinal, não se diz por aí que o primeiro sinal de loucura é fazer as mesmas coisas de sempre esperando resultados diferentes?

Além da surpresa com o "W.O" da semana passada, surpreendeu ainda mais o fato de não haver, em toda a Esplanada, alguma sirene capaz de flagrar a debandada da 262.

Se contarmos o número de órgãos envolvidos no assunto, o choque é ainda maior: ministérios dos Transportes, Fazenda e Casa Civil, além do Dnit, Antt e Empresa de Planejamento e Logística, estatal montada justamente para dar conta das novas concessões.

Com tanta autoridade mandando, quem era o encarregado de monitorar a concorrência? Em que gaveta foi guardado o mapa de risco? Ninguém passou o telefone para investigar o grau de sucesso?

Enquanto ninguém dá conta de um sistema de informações para contar o óbvio, talvez Dilma Rousseff pudesse buscar os serviços da NSA nas próximas concessões. Ou, quem sabe, anunciar um "Mais Espiões" para operar na Esplanada.


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