Num ano de vacas magras em que os camarotes corporativos do sambódromo do Rio não investiram os milhões de dólares costumeiros na contratação de celebridades internacionais, o cineasta americano Tim Burton, diretor de "A Noiva Cadáver" e "Edward Mãos de Tesoura", virou atração anteontem no espaço da cerveja Boa.
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"I love it! I love it! It's my dream to be here. I'm very happy [Eu amo! É meu sonho estar aqui. Estou muito feliz]", diz. "Don't I look happy? [Não pareço feliz?]", segue, apontando para a máscara de palhaço de luta livre mexicana que usa.
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Burton agita freneticamente os cabelos de palhaço, tira fotos dele mesmo. Grava todo o desfile da São Clemente, que tem o palhaço como tema. Arrisca passos na passagem da bateria da Portela.
"Quem é essa?", pergunta ao notar uma senhora acomodada no mesmo espaço vip que ele. Era dona Ivone Lara, lenda do samba. Tira uma foto com a cantora.
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Indicado duas vezes ao Oscar, diz ter gostado do longa brasileiro "O Menino e o Mundo", do diretor Alê Abreu, que concorre ao prêmio de melhor animação neste ano: "Eu votaria nele".
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Demora para encontrar resposta quando questionado sobre as críticas à Academia por causa da ausência de atores negros nas nominações deste ano. Balança a cabeça, demonstrando desgosto: "O Oscar não é um prêmio que engloba a todos. Isso tudo... não é grande coisa".
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Esfrega as mãos, se contorce e saltita, hesitante. Até que solta: "Eu odeio o prêmio!". E cobre a boca com as duas mãos como se tivesse dito um palavrão.
com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI