Folha de S. Paulo


'Calar-me não é opção', diz blogueira feminista ameaçada na internet

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Blogueira feminista há oito anos, Lola Aronovich denunciou na segunda (2) que um site com conteúdo falso havia sido criado em seu nome para incriminá-la. Após a popularização da página –que, entre outras coisas, oferecia medicamentos abortivos e incentivava o infanticídio de meninos e a queima da Bíblia–, a professora da Universidade Federal do Ceará foi procurada pela corregedoria da instituição para explicações e também ameaçada na internet. Ela falou à coluna sobre o caso.

Arquivo Pessoal
A blogueira e professora universitária Lola Aronovich
A blogueira e professora universitária Lola Aronovich

Folha - Você procurou a polícia? Vai processar os responsáveis?
Lola Aranovich - Já fiz sete boletins de ocorrência. Mas só BO não adianta, e a Polícia Federal me avisou que não vai investigá-los. Vou procurar o Ministério Público. Quero ir até o fim. Não é possível que essa impunidade continue.

Você diz que sofre ameaças constantes, inclusive de morte. Como convive com isso?
Recebo ameaças praticamente diárias de morte e estupro desde 2011. Ano passado, os misóginos passaram também a ameaçar de morte meu marido e minha mãe, uma senhora de 80 anos. É péssimo ter meu endereço residencial exposto para todos e ver recompensas sendo colocadas para quem "abater a porca". Mas não tenho medo. Eles são covardes.

Você escreveu que pensa em acabar com seu blog após os inúmeros ataques e ameaças que sofreu. Isso vai acontecer?
Eventualmente vou parar, é inevitável. É exaustivo demais. Mas, por enquanto, não. Vou em frente. Não posso dar essa vitória a eles. Calar-me não é uma opção.

Como está essa situação na universidade em que você leciona?
A ouvidoria me enviou um e-mail com cinco denúncias. Expliquei que o blog não era meu e, tudo bem, eles "aceitaram". Mas me choca um pouco essa falta de solidariedade da universidade com uma de suas professoras. Qual seria a repercussão se um professor de uma universidade do "centro" do país recebesse ameaças de morte há anos e a universidade onde leciona o acionasse, em vez de defendê-lo?

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