Folha de S. Paulo


Reunião final para credores apoiarem plano de recuperação da Oi durou 20 minutos

Silvia Zamboni - 9.set.2016/Folhapress
Fachada de loja da Oi na avenida Paulista, em São Paulo
Fachada de loja da Oi na avenida Paulista, em São Paulo

Esta segunda-feira, 11, foi um dia de reuniões da direção da Oi com a maior parte de seus credores, que detêm R$ 22 bilhões em dívidas. A última delas, selou em 20 minutos o acordo para um novo plano de recuperação da companhia, às 23h30.

Eurico Teles, que trabalha há 34 anos na tele e que assumiu a sua presidência há duas semanas, deu o tom ao dizer em videoconferência a interlocutores em três continentes: O acordo não vai deixar ninguém muito satisfeito, nem tão triste.

Até a tarde do dia, credores ainda estavam em cima do muro. Eles, que, de início, queriam 88% do capital, sabiam que não seriam atendidos. Consideraram melhor encerrar ainda em 2017 o processo, antes que a companhia se deteriorasse mais. O Ebitda da Oi caiu de R$ 7,5 bilhões (antes da recuperação) para R$ 6,1 bilhões. Há dez anos, porém, era de R$ 11 milhões.

Os fundos internacionais de dívida (bondholders) acabaram concordando em colocar R$ 4 bilhões na empresa e trocarão a dívida por 65% do capital e, com dois mecanismos, totalizarão 75%.

Apesar de os bondholders estarem irredutíveis, Eurico Teles foi muito duro na discussão final, segundo pessoas que participaram. É isso ou não tem negócio, disse.

O plano será votado em reunião no dia 19. Se não houver uma reviravolta provocada pelos antigos controladores, já há maioria formada para aprová-lo.

Depois disso, será convocada uma assembleia entre os acionistas da nova configuração societária para formar um outro conselho de administração.

Para alguns dos bondholders, a legislação foi desrespeitada porque os bancos públicos terão tratamento privilegiado e em segundo os bancos estrangeiros de fomento. Bonds ficaram em terceiro lugar, afirmam.

Executivos afirmam que não veem a venda da companhia a outras teles antes de três anos. Para que ocorra, dizem, serão necessárias novas regras do setor e um fortalecimento da Oi para se tornar atraente a investidores.

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Além do Mercosul

Abertura comercial traz crescimento econômico e consequentemente melhora o bem estar da população. No caso brasileiro, uma hipotética hiperglobalização, sem tarifa nenhuma, melhoraria o indicador em 9,13%.

Essa é a conclusão de um estudo dos economistas Alexandre Loures e Eri Figueiredo que será publicado na próxima edição da Revista Brasileira de Economia.

A dupla simulou as mudanças no bem estar de países em desenvolvimento se não houvesse nenhuma tarifa, afirma Erik Figueiredo.

"Usamos parâmetros de infraestrutura e competitividade do Brasil para avaliar o impacto de abertura no crescimento econômico, emprego e desigualdade social."

A premissa é que acordos bilaterais promovem reduções de custos comerciais para pessoas e empresas.

Essas companhias aproveitam valores para manufatura mais baixos e ingressam no mercado internacional.

Países ricos não se beneficiam das aberturas como os demais, aponta o estudo.

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Sem cheiro de queimado

A Bio5, empresa criada para transformar pneus picados em outros compostos, vai investir R$ 30 milhões para iniciar sua operação, afirma o diretor-executivo, Robson Freitas.

Os recursos são provenientes do atual dono, o fundo de private equity DMI, e serão aportados em infraestrutura e equipamentos.

"A companhia foi adquirida do fundador, que não conseguiu terminar o projeto, e agora vamos realizar os investimentos para tirá-lo do papel", diz Freitas.

"Cerca de R$ 25 milhões já foram investidos, e esse novo aporte será concluído em 12 a 18 meses."

A planta fica em Cuiabá, e deverá crescer devido a uma obrigação que determina dos fabricantes no Brasil a retirada de 1,2 pneu para cada unidade produzida, afirma o executivo.

Através do processo de pirólise, a Bio5 vai transformar pneus em gás, reutilizado no próprio processo; óleo, para gerar energia; e negro de fumo, usado para produzir asfalto e borracha.

25 mil m²
é a área da fábrica em Cuiabá

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Novidade na praça

Os setores químico e energético são os que mais aplicaram inovação em seus negócios em 2017, segundo a consultoria A.T. Kearney e a Superbid, de tecnologia.

Das 20 empresas consideradas mais disruptivas no Brasil neste ano, 9 atuam em uma dessas áreas.

Entre as práticas que apareceram em quase todas as companhias do ranking estão o uso de internet das coisas e big data, de métodos colaborativos e a parceria com startups diz François Santos, sócio da A.T. Kearney.

Empresas de energia são obrigadas por lei a investir parte de sua receita em pesquisa, o que também acelera a inovação, diz Edson Bouer, CEO da Superbid.

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Mega... A Oi tem 55 mil credores, mas são esperados até 10 mil para a assembleia geral para aprovação do plano de recuperação, no próximo dia 19. Essa é a terceira data -outras duas foram mudadas pela Justiça.

...evento Além de empresas do ramo, como a Assemblex, a tele contratou a Aktuellmix, de grandes eventos, que participou da Copa do Mundo. A assembleia deverá durar todo o dia.

Comando Uma parcela de representantes de detentores de dívidas tem recomendado a permanência dos atuais executivos à frente da Oi, caso queiram permanecer na diretoria.

Sobe... Após uma alta de 20% da venda de diamantes brutos no ano passado, houve declínio de 3% na receita até junho de 2017, segundo a Bain & Company.

...e desce A previsão da consultoria é que 2017 termine com leve queda nos resultados em toda a cadeia global da produção da pedra preciosa.

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com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS


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