Folha de S. Paulo


Mudança no Fies atinge mais faculdades menores

As regras, ainda em discussão, do Fies (programa federal de financiamento estudantil), terão impacto maior em instituições de ensino pequenas e médias do que nas grandes, diz Pedro Thompson, diretor-executivo da Estácio.

"O Fies já foi muito reduzido e perdeu seu cunho social", afirma. Antes de 2015, quando o programa foi alvo de cortes do governo federal, ele chegou a corresponder a cerca de 40 a 50% das matrículas da Estácio.

"Hoje, representa 5% da minha captação." Para ocupar o espaço aberto pela ausência do Fies, a companhia, que tem 539,9 mil alunos (369,6 mil presenciais), passou a financiar diretamente seus estudantes.

"O aluno entra pagando 50% [da mensalidade] e, no final, 35%", diz.

Para Abmes, entidade do setor, o governo encaminhou uma proposta que não atende os alunos que precisam do crédito estudantil.

"Eles passam a depender de bancos e não conseguem atender a seus requisitos", diz Solon Caldas, diretor-executivo da associação.

Entre as regras das quais a Abmes discorda, e que deverão desestimular a adesão, segundo Caldas, está a exigência de as parcelas não financiadas serem pagas ao banco, não à faculdade, o que a fará perder a gestão desse fluxo.

"Sugerimos que o aluno pudesse usar o FGTS para pagar a mensalidade." Hoje, as instituições privadas têm 75% das matrículas, diz a Abmes.

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Sem barreira

O número de pessoas que abriram MEIs (microempreendedores individuais) nos últimos 12 meses ultrapassou 1 milhão, mesmo com a queda do desemprego formal.

A previsão é fechar o ano com 7,7 milhões, segundo Kennyston Lago, analista de pesquisa do Sebrae Nacional.

No começo da crise econômica, o que impulsionou o aumento do número de MEIs foi a taxa de desemprego.

As pessoas que perderam seu cargo ainda são grande parte dos novos empreendedores, mas há outro perfil em crescimento, segundo o Sebrae: o de quem nunca participou do mercado, nem mesmo do informal.

"Quem sai da faculdade e não encontra vaga abre um MEI, porque não há custo nem barreira para ingressar, é só se cadastrar no site."

A BARREIRA DO MILHÃO - Número de MEIs no fim de setembro, em milhões

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Guia de carreiras

A demanda por cargos executivos aumentou e mudou de perfil após a recessão. Posições pelas quais não havia muita busca tiveram taxas de crescimento altas, segundo a consultoria Page Personnel.

Alguns empregos são ligados a corte de custos. É o caso de supervisores de instalações, cujo serviço implica adequar a estrutura física da empresa a um espaço mais barato e, geralmente, menor.

Outra alta de demanda, pelo cargo de especialista em fusões e aquisições, aponta para uma retomada dessa atividade, diz Ricardo Haag, diretor da consultoria.

Uma posição do setor de finanças que ainda não voltou a ser tão procurada como antes da crise é a de responsável por relações com investidores, afirma Haag.

"Quando havia muitos processos de abertura de capital, o recrutamento para essa vaga era grande. Hoje, qualquer busca por essa área salta aos nossos olhos."

Variação da receita nominal do varejo - Em %

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O QUE ESTOU LENDO

Pierre Schurmann, sócio da Bossa Nova Investimentos

Depois de passar dos 15 aos 19 anos viajando pelo mundo com a família, em um veleiro, onde lia muito, Pierre Schurmann, que hoje se dedica a um fundo de investimentos em startups, fez a faculdade nos Estados Unidos.

À cabeceira tem três livros em inglês. Do primeiro, "Sapiens", de Yuval Harari, destaca que o que diferencia a nossa espécie é a capacidade de colaborar e comunicar, diferencial competitivo para um empreendedor.

A sua segunda leitura é a biografia de Elon Musk, escrita por Ashlee Vance.

"É a última que comecei.Vou mais confirmar o que já li sobre Musk [criador e participante de empresas como PayPal e Tesla Motors]."

E a terceira obra, "The Power Broker: Robert Moses and the Fall of New York", de Robert A. Caro, conta a história do urbanista Moses.

"Sem ser político, foi poderoso e influente no espaço público", diz. Sem Moses, não haveria o Lincoln Center e a sede da ONU seria em San Francisco.

"Foi Moses quem transformou Nova York na Nova York que conhecemos."

Karime Xavier/Folhapress
Pierre Schurmann, sócio da Bossa Nova Investimentos
Pierre Schurmann, sócio da Bossa Nova Investimentos

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