Folha de S. Paulo


Dois terços de corretoras digitais já fecharam no país

Após um boom de corretoras de seguros on-line há cerca de cinco anos, o número de empresas do setor se reduziu a um terço em 2016, segundo executivos da área.

"Em 2011, eram cerca de 15 empresas, mas pelo menos umas dez delas já ficaram pelo caminho", diz Marcelo Blay, sócio fundador da Minuto Seguro.

"Após cinco anos, ainda não vendo nenhum seguro para automóvel 100% pela internet, o que eleva os custos."

Além de o cliente não querer, as seguradoras também não estão preparadas e exigem, por exemplo, vistorias.

"As empresas que não sobreviveram viram que não estavam vendendo, que precisavam contratar mais gente e faltou dinheiro", diz Blay, que espera crescer em 2017 30% em prêmios de seguro de automóvel, contra expectativa de 7% do mercado.

"É preciso um alto investimento para atrair clientes ao site e para operar em escala", afirma o diretor da Bidu Maurício Antunes.

Em 2016, a empresa incorporou a carteira de seguros de automóveis da concorrente TaCerto.com, o que impulsionou o crescimento de 50% da receita no ano -foram R$ 75 milhões em prêmios.

No caso da Smartia, o faturamento se manteve estável, e em 2017 a empresa planeja investir cerca de R$ 1 milhão em marketing.

A Fenacor afirma não ter dados precisos, mas confirma a redução de corretoras on-line a uma terço.

"O curso operacional do negócio é muito elevado e com um retorno ainda duvidoso", diz o presidente Armando Vergílio.

"Muitos só fazem a cotação on-line, mas não contratam com as digitais. São altos os custos com canais de relacionamento, sem retorno."

"Empresas que não sobreviveram apostaram que a venda seria 100% on-line, mas o brasileiro quer falar com alguém antes de contratar o seguro para o carro. Erraram o modelo de negócio, e faltou dinheiro", diz Blay.

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Empresas pressionam por novas regras para o gás natural

As empresas que produzem, distribuem e consomem gás natural vão pressionar o governo neste ano para acelerar o processo de mudança das normas do setor, segundo especialistas da área.

"A regulação é urgente devido à decisão da Petrobras de vender os gasodutos. Não podemos sair de um monopólio estatal para um privado", diz Antônio Guimarães, secretário-executivo do IBP (instituto de petróleo e gás).

Outro fator para que a pauta ganhe força em 2017 é o fato de pleitos prioritários, como a operação da Petrobras no pré-sal, já terem sido atendidos em 2016, diz o sócio da KPMG, Anderson Dutra.

O setor aguarda a publicação de uma resolução com as diretrizes que darão a base para a regulamentação —o texto é fruto de discussões entre governo e empresas.

"O tema é complexo. Não esperamos uma conclusão neste ano, mas é preciso definir questões básicas, como a forma de tarifa e se haverá uma operadora independente para o setor de gás ou não", afirma Guimarães.

ENERGIA NO CANO - Consumo de gás no Brasil em 2016, em 1.000 m³/dia, e variação em relação ao mesmo mês de 2015, em %

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Um gás na Bahia

A Bahiagás, distribuidora de gás natural do Estado, deverá publicar nos primeiros meses deste ano a licitação da primeira fase do Gasoduto Sudoeste da Bahia, afirma o diretor-presidente da companhia, Luiz Gavazza.

O trecho será de 73 km, e o investimento deverá ser de R$ 70 milhões a R$ 80 milhões, diz o executivo.

As obras estão previstas para começar ainda em 2017.

"Trata-se de um movimento de interiorização da rede de gás natural no Estado. Hoje, a estrutura está concentrada no nosso litoral."

A empresa, que tem como acionistas o governo da Bahia, a Gaspetro e a Mitsui Gás e Energia, planeja aportar R$ 500 milhões no projeto, com recursos do próprio caixa e de financiamento.

Até o início de 2020, os 300 km totais do gasoduto deverão ser concluídos.

A estrutura vai atender principalmente a indústria de mineração, além de centros urbanos importantes da região, segundo Gavazza.

Editoria de Arte/Folhapress
RAIO-X BAHIAGÁS

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Além-mar

O acordo entre Brasil e Chile que prioriza empresas locais no frete marítimo entre ambos não impulsionou a indústria naval, segundo a CNI (confederação da indústria).

Todos os nove navios envolvidos nas trocas entre outubro e dezembro de 2016 foram fabricados na Ásia, aponta um levantamento da entidade.

Incentivar os armadores brasileiros e chilenos é um dos pressupostos do tratado assinado em 1974.

"Duas multinacionais controlam o frete marítimo e usam navios asiáticos", diz Diego Bonomo, diretor de comércio exterior da CNI.

Entidades e governo são a favor da denúncia do tratado, mas a reunião em que isso aconteceria já foi adiada três vezes desde setembro. Não há previsão de nova data.

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Investimento conectado

O gasto de empresas com internet das coisas quadruplicará até o fim da década, segundo a BCG.

A projeção da consultoria é que € 250 bilhões (R$ 848 bilhões na cotação atual) sejam aportados em dispositivos e equipamentos com conexão on-line no ano de 2020.

Em 2015, o investimento global foi de quase € 61 bilhões (R$ 207 bilhões).

Nesse intervalo de cinco anos, 3 dos 10 setores analisados deverão concentrar quase 50% dos gastos.

Transportes e logística, distribuidoras (água, luz, gás) e indústria (menos a de commodities) terão alta de quase 40% nos aportes em internet das coisas.

Internet das coisas - Investimentos em 2015 e 2020*, por setor, em € bilhões

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Hora do Café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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