Folha de S. Paulo


Construtoras querem mudar regras do Iphan

Raul Spinassé/Folhapress
SALVADOR, BA, 22.11.2016: Vista do emprendimento La Vue na ladeira da Barra. A região é uma das mais caras de Salvador. (Foto: Raul Spinassé/Folhapress, PODER ) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Vista do empreendimento La Vue na ladeira da Barra, em Salvador, embargado pelo Iphan

Regras do Iphan (instituto do patrimônio histórico) são pouco claras, segundo associações ligadas à construção.

A presidente do órgão Kátia Bogéa, que assumiu em junho, foi procurada por representantes do mercado para discutir o estudo arqueológico prévio que empreendimentos devem executar desde o ano passado.

A necessidade do projeto varia conforme a obra —para loteamentos, a regra é terreno a partir de seis hectares.

Grande parte das construtoras desconhece o trâmite, segundo o próprio Iphan.

"Não sabemos quantos furos temos de fazer no solo ou o que precisamos olhar no entorno", diz Caio Portugal, presidente da Aelo (associação de loteamento).

Ao levar as questões ao Iphan, Portugal diz ter ouvido como resposta que se trata de decisões que cabem ao arqueólogo contratado.

"Esse é um profissional escasso", afirma José Martins, presidente da Cbic (câmara da indústria da construção).

As entidades conversaram com a presidente do órgão, diz Flavio Amary, do Secovi-SP (sindicato da habitação).

"Discutimos os problemas em Brasília, mas o que precisamos é de uma legislação feita por deputados."

O caso do edifício La Vue, estopim da crise com o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), é de outra natureza: está em área próxima de um bem tombado.
Nesses casos, as normas do órgão são claras, segundo representantes do setor.

ESCAVA E ESTUDA - Permissões para construtoras fazerem os laudos

Principais empreendimentos em SP -

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Empresa vai erguer torres de R$ 144 milhões dentro de shopping no MS

A construtora paranaense Plaenge vai construir duas torres comerciais no valor de R$ 144 milhões dentro de um shopping em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A BRMalls, que administra o centro comercial, vai ceder o terreno em troca de parte do valor de vendas, afirma Edison Holzmann, um dos sócios da construtora.

A entrega está prevista para agosto de 2020.

Após reduzir os lançamentos nos últimos dois anos e meio, a empresa retomou os projetos: neste mês, foram anunciados três edifícios residenciais que receberão aportes de R$ 103,6 milhões.

Em dezembro, também será lançado um prédio em Londrina, de R$ 56 milhões.

"Começamos a frear os investimentos já em 2013, ao ver que a demanda estava abaixo do volume em construção à época. Hoje, em Curitiba e em Campo Grande, nossos estoques estão praticamente zerados", diz Holzmann.

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Cartão sem controle

Três em cada dez comerciantes e prestadores de serviços já tiveram problemas com pagamentos no cartão ou on-line, segundo o SPC Brasil e a CNDL (confederação de dirigentes lojistas).

A maioria das reclamações é sobre cobranças indevidas das operadoras (11,1%). A pesquisa foi feita com 822 entrevistados em todo o país.

"O número de ocorrências tende a ser ainda maior. Essas empresas que detectaram problemas agiram de forma proativa, muitas outras não tem um mecanismo de controle", afirma Magno Lima, superintendente de novos negócios do SPC Brasil.

Cerca de 28,7% dos empresários dizem não fiscalizar operações com cartões. A maior parte (65,2%) dos que monitoram as vendas o faz manualmente, em um caderno de anotações ou em planilhas no computador.

O SPC passará a oferecer, em dezembro, uma solução para controle de pagamentos aos lojistas filiados à CNDL. A projeção é alcançar 50 mil varejistas até o fim de 2017. O investimento não foi divulgado.

Dor de cabeça no caixa - Problemas com operadoras de cartões mais notados por varejistas, em %

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São Paulo S/A

Empresas que atuam no interior paulista têm dificuldade para encontrar executivos que trabalhem bem sob pressão e em equipe, aponta a Michael Page, de recrutamento.
Falta de profissionalismo e desconhecimento de idiomas também são deficiências dos candidatos da região.

"As companhias sempre olham para o lado técnico do funcionário, mas às vezes o comportamento é o diferencial", diz o gerente-executivo da empresa, Lucas Toledo.

Foram ouvidos 700 executivos de 18 setores, em 62 municípios paulistas.

"Faltam no mercado profissionais mais especializados, que são disputados pelas várias empresas da região."

A atração de executivos de outras cidades também é um problema, devido a questões familiares, avalia Lizete Ribeiro, dona da rede de hotéis Tauá, que tem expandido sua estrutura em Atibaia (SP).

O equilíbrio entre vida pessoal e profissional é apontado como um dos desafios mais combatidos na região.

FORA DO CURRÍCULO - Principais deficiências dos executivos no interior de SP, em %

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Hora do café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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