Folha de S. Paulo


Operação Lava Jato não abre espaço para avanço de construtoras médias

As construtoras de médio porte não ganharam espaço no mercado, mesmo com a crise das grandes empreiteiras, afirma o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins.

"Ninguém avançou porque não há dinheiro. As médias teriam ocupado o espaço [das grandes] se as obras não tivessem parado."

Nos últimos dois anos, a Barbosa Mello viu seu faturamento cair pela metade, de R$ 1,5 bilhão para uma expectativa de fechar 2016 com R$ 700 milhões.

O número de funcionários também despencou cerca de 8 mil em um prazo de dois anos, afirma Bruno Sena, presidente da Barbosa Mello Participações e Investimentos.

"O mercado diminuiu tanto e tão rápido que, por mais que as médias sejam mais relevantes no novo cenário, ainda são pouco significativas."

A companhia é líder do consórcio que recentemente venceu a licitação de Parceria Público Privada para modernizar e gerir a rede de iluminação de Belo Horizonte.

No caso de projetos de maior fôlego como rodovias e aeroportos, ainda é difícil competir com as maiores, diz.

"O desafio para nós será atrair financiamento estrangeiro. Muitos estão interessados, mas até a definição do impeachment nada deve sair."

É o que tem buscado a S.A. Paulista, que hoje negocia com empresas de fora para suprir a escassez interna de crédito, afirma o presidente, Antônio Elias Filho. Em 2015, a construtora faturou R$ 842 milhões, queda anual de 22%.

No primeiro semestre deste ano, porém, a receita voltou a subir 18% em relação a igual período de 2015, puxada por projetos de iniciativa privada em portos e ferrovias, diz ele.

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Energia que boia

A Ciel & Terre, fabricante francesa de usinas flutuantes para geração fotovoltaica, vai se unir à empresa brasileira Sunlution em uma joint venture para fabricar flutuadores de energia solar.

Serão investidos R$ 35 milhões na produção, a ser feita em uma fábrica em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, e deverá começar em agosto.

As primeiras estruturas serão instaladas nos reservatórios de Balbina (AM) e Sobradinho (BA).

"A ideia é aproveitar as linhas de transmissão existentes nas usinas e abastecer a rede com energia solar durante o dia", diz o sócio-diretor da joint venture, Orestes Gonçalves.

As estruturas flutuantes operam, em média, de seis a sete horas por dia, e têm um custo de R$ 90 milhões.

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é a capacidade das usinas flutuantes, cujo tamanho é equivalente ao de dez campos de futebol

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Cooperativas do Rio Grande do Sul faturam R$ 36 bi em 2015

O faturamento das cooperativas do Rio Grande do Sul cresceu 15,75% no ano passado na comparação com 2014, para R$ 36,1 bilhões. Os dados são da Ocergs (que representa o setor).

O aumento ficou acima da inflação, de 10,67% em 2015.

A alta da receita em períodos de instabilidade econômica é natural para as cooperativas, segundo Vergilio Perius, presidente da Ocergs.

Em épocas de crise, produtores com dificuldades de crédito ou de acesso a mercados, por exemplo, tendem a buscar adesão às sociedades, diz.

Os segmentos que registraram melhor desempenho foram os de transporte de cargas (35%), crédito (33%), saúde (18%), agropecuária (11%) e eletrificação rural (9%).

"Os últimos anos foram de alta no faturamento, mas esse cenário é mais perceptível durante a crise." Em 2014, a receita foi de R$ 31,2 bilhões, um aumento de 10,64% em comparação com 2013.

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Traz para cá

Passados 22 meses da assinatura do contrato de concessão, a Cantareira, consórcio formado pela Copel e Elecnor, recebeu a autorização do Ibama para construir uma linha de transmissão entre Minas Gerais e São Paulo.

O trecho, com 343 quilômetros de extensão, faz parte das obras previstas para escoar a energia gerada pela usina de Belo Monte.

A empresa não divulga o valor do aporte, mas um documento da Copel na SEC (Securities and Exchange Comission, órgão norte-americano equivalente à CVM no Brasil) aponta que o investimento é de R$ 308 milhões.

O consumo atual de eletricidade é cerca de 90% do estimado quando as distribuidoras compraram energia para atender à demanda.

Isso não muda em nada a rentabilidade do projeto, afirma o diretor técnico da Cantareira, José de Mattos.

"O modelo de negócios de transmissão de energia adotado pela Aneel (agência do setor) garante receita por 30 anos", afirma ele.

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Tempo, tempo, mano velho

O trabalho temporário é visto de forma otimista pela maioria dos que estão nessa atividade no Brasil, segundo levantamento da consultoria Page Interim.

Entre os brasileiros, 77% dos provisórios avaliam sua atividade de maneira positiva, acima da média da América Latina, que é de 68%.

Ainda de acordo com o estudo, 78% dos não efetivados no país se sentem pressionados na atividade para produzir mais e em menor tempo.

"É comum esse funcionário ser submetido a uma pressão maior que um efetivo. As empresas esperam que ele entregue grandes quantidades de trabalho no prazo de contrato", diz Fernanda Baldívia, da Page Interim.

Para a pesquisa, foram ouvidos 1.954 gerentes e 4.092 profissionais de 53 países.

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Conversas... No encontro que terão com o presidente Michel Temer na CNI (confederação da indústria) nesta sexta-feira (8), empresários, como Pedro Passos (Natura) e Bernardo Gradin (GranBio), vão se limitar a falar de inovação.

...renovadas Temas caros ao setor, como refinanciamento e alongamento do pagamento de impostos, além de recursos para a exportação, foram tratados em reunião recente.

Voo de galinha A avicultura brasileira não é tão eficiente quanto a dos Estados Unidos, mas custa menos, diz a consultoria Agri Stats. Um americano recebe R$ 59/hora, um brasileiro ganha R$ 13,30, em média.

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Hora do Café

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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