Folha de S. Paulo


Com crise, clientes trocam marcas e lojas preferidas

Para encontrar preços baixos, clientes de supermercados de São Paulo estão dispostos a trair marcas e lojas às quais se consideravam fiéis, aponta uma pesquisa do Sincovaga (sindicato do varejo alimentício e de bebidas).

Consumidores com menos recursos ou medo de perder o emprego estão dispostos a abandonar o costume e a comodidade, diz o presidente da entidade, Alvaro Furtado.

"Os moradores do Estado de São Paulo são escolados, já viveram outras crises, têm memória de como agir e fizeram isso rapidamente."

Os compradores que se dizem fiéis a marcas mesmo com a recessão econômica são 11,76% do total.

TRAIÇÃO NO SUPERMERCADO - Em %

Quando o tema é o local de compras, 14,22% dizem que vão seguir no mercado ao qual estão acostumados a ir.

"Ao descobrir que a uma distância maior o dinheiro rende mais, eles fazem viagens mais longas."

Para manter os clientes em seus supermercados, o Mambo, o grupo MGB passou a fazer promoções por lotes. Ao levar três itens ao caixa, paga-se menos por cada unidade, diz o diretor de negócios André Francez Nassar.

A empresa também tem uma rede de atacarejo, o Giga, que ganhou consumidores durante a crise.

"O maior volume de vendas ainda é para comerciantes. Mas nos últimos meses, há um movimento muito mais forte aos sábados e domingos, quando os consumidores finais compram."

Zanone Fraissat/Folhapress
SAO PAULO/SP BRASIL. 16/06/2015 Retrato de Andre Nassar, diretor do grupo MGB, dono das redes de supermercados Mambo e Giga Atacado.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, MERCADO ABERTO)***EXCLUSIVO***
André Francez Nassar, diretor da rede de supermercados

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UMA VOLTA DE MILHÕES

Para evitar passar por uma uma serra na cidade de São João da Boa Vista, no Estado de São Paulo, a linha de transmissão que vai conectar Belo Monte ao Sudeste atrasou e teve um aumento de custo de R$ 30 milhões.

Uma lei municipal transformou a área da serra em espaço de proteção ambiental. A solução foi fazer um desvio de 15 quilômetros.

A Mantiqueira, a empresa responsável pela obra, pediu licença de instalação ao Ibama na terça-feira (1º), quatro meses depois do que era previso em contrato.

A linha terá 343 quilômetros e vai atravessar 29 cidades nos Estados de São Paulo e Minas Gerais.

"Precisamos da autorização do traçado de todas as cidades, mas não conseguimos em São João da Boa Vista", diz José Caetano de Mattos, diretor da Mantiqueira.

Por contrato, a linha precisa entrar em operação em março de 2018. O dinheiro para a construção (cerca de R$ 1 bilhão) vem de um fundo da própria Mantiqueira (que pertence aos grupos Copel e Elecnor) e do BNDES.

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DIRETO DO ORIENTE

A Rarejob, empresa de capital aberto na Bolsa de Tóquio que ensina inglês on-line, escolheu o Brasil como sua primeira exportação.

Para trazer a operação para o país, ela ganhou o nome de Enpower, mas simpático aos brasileiros, segundo Igor Inocima, responsável pela marca no Brasil.

"A Rarejob já atendia japoneses expatriados aqui. Há uma clientela potencial grande, já que muitos aqui ainda não falam a língua."

Danilo Verpa/Folhapress
SAO PAULO - SP - 29.02.2016- Retrato de Igor Inocima, country maneger do Brasil da Enpower, a unica escola de ingles on-line a ter capital berto na bolsa de Toquio. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, MERCADO)
Igor Inocima, representante da empresa no Brasil

O modelo, contudo, continua o mesmo: lições em horários flexíveis com professores filipinos, mais baratos e com sotaque menos carregado que os japoneses.

A presença de outras escolas com o mesmo formato parece não assustar. "Sabemos que a concorrência é forte. Isso é bom, porque o mercado já foi aberto para nós", diz Inocima.

R$ 70,2 milhões
é a previsão de faturamento da empresa em 2015

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NO VERMELHO

Os pedidos de recuperação judicial subiram 359,5% em fevereiro passado, em relação ao mesmo mês de 2015, segundo a Boa Vista SCPC.

Os requerimentos de falência das companhias também tiveram alta expressiva, de 76,3% no mesmo período.

Esses índices são efeito direto da crise, diz Flávio Calife, economista da entidade.

"A receita das empresas caiu com as vendas mais fracas, mas o custo não arrefeceu, já que a inflação está em alta. Isso afeta o caixa."

Outro fator que contribui para o cenário foi a dificuldade de conseguir crédito, que ficou mais caro. "Se a empresa não consegue dinheiro, só resta a recuperação judicial. E se não der certo, a falência."

EM APUROS - Pedidos de falência e recuperação judicial em fevereiro

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Sucata
As receitas com exportações de sucata de ferro e aço caíram 29% em 2015. O motivo é a retração na indústria automotiva e de eletrodomésticos, as grandes fornecedoras do setor, segundo a Inesfa.

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HORA DO CAFÉ

Mandrade/Editoria de Arte/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 02.mar.2016

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA e MÁRCIA SOMAN


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