Folha de S. Paulo


Zé Roberto não precisa ficar de cabeça baixa como em 2004

José Roberto Guimarães diz ter passado quatro anos sem sair de casa com a cabeça erguida após a derrota na semifinal dos Jogos de Atenas-2004.

Naquela época, havia recebido um grupo em frangalhos um ano antes. Montou a equipe que podia e trabalhou com limitações, problemas internos e panelinhas. O time chegou à semifinal e teve as mãos na medalha, mas não pôde colocá-la no pescoço. Perdeu sete match-points diante da Rússia, saiu de quadra chorando, dizendo que "faltou psicológico". O rótulo de "amarelonas" acompanhou as atletas até Pequim, quando trocaram a cor pelo dourado do primeiro lugar.

A equipe que chegou à Olimpíada do Rio não é comparável à do primeiro título. Está mais próxima da bicampeã em Londres, que quase caiu na primeira fase dos Jogos e conseguiu se recuperar para levar o ouro.

Um time com limitações, mas que chegou bem. Campeão do Grand Prix, sem perder nenhum set na Olimpíada, era cotado para passar com facilidade pela China. E passou, só no primeiro set.

Depois do 25/15, Zé Roberto alertou que as jogadoras não podiam perder a agressividade, mas houve uma queda de rendimento que, aliada a mudanças táticas da China, acabaram dando um nó no time brasileiro. As chinesas trocaram várias peças, incluindo a levantadora, e o Brasil não conseguiu sair da armadilha.

A equipe ainda desperdiçou pontos, errou, é fato, mas nada que lembrasse aqueles sete match-points. O resultado foi muito mais mérito da China do que tropeço do Brasil.

Essa geração queria uma medalha em casa para se despedir, sonhava com o tricampeonato. Não deu. Ficou com o pior desempenho desde Seul-1988.

Mas Zé Roberto não precisa ficar de cabeça baixa. O resultado foi ruim. Dói. Mas não vai manchar o que esse grupo conquistou.


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