Folha de S. Paulo


Aquela amizade que a gente se orgulha

Conheço Bruno Mazzeo há 15 anos. Tínhamos amigos em comum e, em 2002, Bruno me chamou pra substituir Leandro Hassum em um espetáculo de humor.

Lembro que gostei dele de cara, nos demos bem e ele foi muito carinhoso comigo. Substituir é sempre complicado e eu estava ali tateando um jeito próprio de fazer, mas sem comprometer os tons já escolhidos pelos meus parceiros de cena.

Débora Gonzales/Editoria de Arte/Folhapress

Após a estreia, Bruno veio até mim e disse: "Tava escondendo o jogo, né? Parabéns!" Foi o jeito mais delicado possível de me dizer que meus ensaios tinham sido péssimos.

Nessa época eu perguntei se ele não pensava em atuar também. A resposta hoje soa engraçada: "Atuar não. Já tem muito ator na família".

Depois nos esbarramos muitas vezes, na vida e no trabalho.

Foi no casamento dele com Renata que recebi a notícia que iria ser contratado como roteirista do antigo "Zorra".

Quando João nasceu, fui testemunha de que ele montou um escritório na maternidade pra poder continuar entregando os episódios de A Diarista e acompanhar os primeiros dias do filho.

O filme dos Caras de Pau não só foi ideia dele, como ajudou a viabilizar e coproduziu.

Quando eu precisei de um diretor pra recomeçar minha caminhada no humor da Globo, foi ele que me apresentou a Maurício Farias.

Mais que isso, participou de forma fundamental da criação do "Tá no Ar", mesmo não querendo fazer como ator. Até hoje guardamos com carinho a foto de nossa primeira reunião na Redação, com ele ali no meio. Depois do programa encaminhado ele foi realizar suas ideias.

Quando surgiu o projeto da "Escolinha", me ligou animado e já dizendo que contava comigo. Aceitei no escuro.

Bruno é um cara que tem interesse genuíno em saber dos mais próximos o que acham do seu texto, do seu trabalho. Se é aberto a ouvir, também é disponível pra falar e contribuir de forma sincera. Com ele a troca é real, boa. Ele torce de verdade por você e passa longe de qualquer competitividade mesquinha.

Tenho muito orgulho de ver de perto o talento de Bruno. Quem quiser me acompanhar nessa, toda terça, na Globo, ali pelas 23h20 tem Filhos da Pátria, série de Bruno, que se passa no Brasil pós-Independência de 1822.

Ali estão o texto afiado e saboroso de Bruno, uma crônica de costumes inteligentíssima. A direção de Maurício Farias e o elenco ótimo, com destaque para Alexandre Nero e Fernanda Torres, complementam a lista de motivos pelos quais você não pode perder.

A série dialoga com inteligência sobre o Brasil de hoje usando o Brasil de ontem. E Bruno acerta mais uma vez.


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