Folha de S. Paulo


Quem é gênio, afinal?

DANI: quem merece ser chamado de gênio, pra vocês?

EDU: ué, alguém que faz a diferença na área dele.

DANI: e ele não pode ser muito bom? Ótimo? Brilhante?

EDU: Pode, mas...

DANI: a questão é essa. Não tão usando "gênio" muito à vontade, não?

VINICIUS: acho que gênio é aquele que tá num nível muito acima da média e muda o meio onde atua.

DANI: um exemplo.

VINICIUS: Chico Buarque.

BARBARA: Caetano Veloso.

Todos concordam.

DANI: mas ele tem que pensar fora da caixinha?

TODOS: sim; não; às vezes.

BARBARA: não necessariamente. Steve Jobs era gênio fora da caixinha. Bill Gates era gênio dentro da caixinha.

Debora Gonzales/Editoria de Arte/Folhapress

LEO: gênia!

DANI: vamos parar de usar assim, gente!

VINICIUS: E ainda tem o fator tempo. Tem casos em que o gênio só é percebido depois.

LEO: Van Gogh.

BARBARA: Mozart.

LEO: Outra coisa que eu acho é que o gênio tem que ter uma obra.

VINICIUS: Isso aí. Se não ele pode apenas ter tido um lampejo genial. Um exemplo: uma vez vi um cabeça de área bem ruinzinho do Flamengo fazer um gol igual ao Messi. Só que o Messi faz todo jogo. Isso é gênio.

ALEXANDRE: O Tostão diz que o bom jogador vê e o gênio antevê.

DANI: quem é Tostão?

LEO: um gênio.

DANI: aí, vocês usam toda hora.

EDU: tô confuso. Então tem que ter uma obra, depende do tempo em que é notado, pode pensar dentro ou fora da caixinha, mudar o meio onde atua...

LEO: Mas o Chico Buarque mudou a música brasileira?

VINICIUS: não, mas o Chico não precisa de regrinha, Chico é gênio!

DANI: Ai, caramba...

ALEXANDRE: que tal a gente olhar no Aurélio?

Todos acham boa ideia. Consultam o dicionário. Barbara lê.

BARBARA: Gênio. Artista de grande inspiração.

Silêncio.

EDU: só?

ALEXANDRE: se tá no dicionário, então é só isso aí mesmo.

DANI: Como assim? Por quê?

LEO: Porque o Aurélio é gênio!

DANI: Ah, pra mim chega. Garçom, a conta.


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