Folha de S. Paulo


A Terra respirando

NASA
A Terra avistada da Lua
A Terra avistada da Lua

Recentemente, Nasa, a agência espacial americana, distribuiu um vídeo espetacular, que mostra a Terra como um planeta vivo.

O vídeo não é como os do tipo "A Terra respira", que achamos numa busca no YouTube, que usam principalmente o ir e vir das marés para dar a impressão de uma respiração.

Durante duas décadas, satélites da Nasa monitoraram as variações na vegetação em terra e nos oceanos no decorrer do ano, mapeando o planeta inteiro, do equador e trópicos aos polos sul e norte. Com o passar das estações do ano e a consequente mudança de temperatura, vemos o ir e vir das regiões verdes, ricas em vegetação e, nas latitudes mais altas, das regiões brancas cobertas de neve e gelo, como se as duas fizessem parte duma coreografia regida pelo Sol.

A vegetação em terra é representada numa escala de cor que vai do marrom (pouca vegetação) ao verde escuro (vegetação rica). Nos oceanos, as populações de fitoplâncton –um tipo de alga que usa a luz solar para transformar água e gás carbônico em oxigênio e açúcar– são representadas numa escala que vai do violeta (população baixa) ao amarelo (população alta).

O vídeo mostra tanto aspectos globais como aspectos locais da Terra. Por exemplo, a costa do Peru ou a tundra canadense. Vemos a Terra mudando diariamente e, também, anualmente, com o passar das estações do ano, as plantas, ventos, e correntes marinhas respondendo à energia vinda do Sol e a variações nas condições atmosféricas. (Para um aplicativo sensacional que mapeia os ventos no planeta inteiro usando dados e supercomputadores, veja aqui). É difícil assistir ao vídeo e não imaginar a Terra como uma entidade viva, respirando como um organismo.

A visualização usou dados obtidos por satélites desenhados para monitorar o clima terrestre, começando com o SeaWiFS, que vem fazendo isso desde 1997, e, mais recentemente, usando os satélites de monitoramento climático Terra, Aqua e Suomi NPP.

Analisando mudanças que ocorreram nas últimas duas décadas, cientistas podem estudar como o planeta vem respondendo localmente e globalmente ao aumento gradativo da temperatura média global, e como regiões específicas vêm sendo afetadas. Por exemplo, vemos que o aumento da temperatura dos oceanos compromete o crescimento das colônias de fitoplâncton. Com isso, seu papel como regulador do excesso de gás carbônico na atmosfera é comprometido. Vemos, também, o encolhimento da camada de gelo cobrindo as regiões polares, menor a cada ano que passa. O aumento de gás carbônico na atmosfera causa uma aceleração do aquecimento global, enquanto que o degelo das calotas polares causa o aumento gradual do nível do mar.

Ir ao espaço não significa que devemos olhar sempre para o além. Devemos, também, olhar para trás e vislumbrar nosso planeta como um todo, estudar seus ritmos e transformações, de forma a entender melhor como coexistir com ele de forma a proteger seus recursos para as gerações futuras. Se a Terra parar de respirar, nós paramos com ela.


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