Folha de S. Paulo


Relix amplia rede com mais bikes coletoras em PE

O Relix, plataforma que une atividades culturais, educativas e de tecnologia em ações em prol da reciclagem, vai entregar mais 50 bikes coletoras de materiais -as Ciclolix- para cooperativas de catadores de Pernambuco.

As bikes substituem as carroças movidas a tração humana. Elas facilitam a catação, podem transportar até meia tonelada, têm amassadores de latinhas e garrafas PET e sinalização de segurança. Diminuem a carga física do trabalho e dão mais visibilidade aos catadores, que recebem também chapéus, luvas e camisetas com sinalização.

O projeto Relix começou em 2014. Para a Ciclolix, foi criado um protótipo com sugestões feitas pelos catadores, num processo coletivo de criação e validação das adaptações nas carrocerias de metal, no número de bancos e itens de segurança.

No mesmo ano, foram entregues 100 Ciclolix no Estado. Em 2016, o projeto se expandiu para Alagoas, com a doação de 30 das bicicletas transformadas para as cooperativas locais. "Das cem que doamos na primeira fase, 80 continuam rodando até hoje. O que é um sinal positivo para nós. As demais 20 estamos restaurando para entregar de volta às cooperativas", conta Lina Rosa, a idealizadora e coordenadora do projeto.

"A Ciclolix tem sido também um fator de atração, que leva os catadores autônomos para as cooperativas, porque temos essa preocupação de monitorar o trabalho", conta. "Ela é uma ponta do Relix, mas, para nós, o projeto é orgânico. A parte educacional e cultural e o acompanhamento que fazemos dessa cadeia vulnerável é muito importante", diz.

O projeto, que tem apoio do Sesi, atua em escolas e fábricas, divulgando informações em quadrinhos, peças teatrais e shows com temas ligados ao reaproveitamento de materiais, à ecologia e à valorização dos catadores em suas organizações. Tem também um aplicativo que indica cooperativas e pontos de coleta "saudáveis" - que são continuamente verificados, segundo Rosa.

O contato constante com os catadores que operam as Ciclolix e o monitoramento de pontos de entrega, recicladores e toda a cadeia da reciclagem são uma parte não visível da empreitada. E o que faz com que a iniciativa seja duradoura e mantenha a qualidade, defende Rosa.

O Relix já chegou a 26 municípios de Pernambuco, Estado que tem 43 cooperativas, e a oito cidades de Alagoas, que tem 11 associações do tipo, segundo Rosa. Em 2014, houve uma aproximação com a prefeitura de São Paulo para levar as bicicletas coletoras para a cidade, mas a ideia não foi para frente.

"Não faria sentido vender apenas a Ciclolix. Ela é um instrumento. Para o projeto manter sua integridade, precisaríamos entender a cadeia produtiva, ouvir os catadores e com eles desenhar um modelo local. E depois seguir com o programa de conscientização", conta Rosa.

No próximo domingo (12), na Praça do Arsenal, em Recife, o Relix promove peças de teatro e uma exposição fotográfica de perfis de mulheres catadoras e suas moradias. Segundo Rosa, cerca 80% dos trabalhadores da catação dos Estados de Pernambuco e Alagoas são mulheres.


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