Folha de S. Paulo


Selfridges leva ao topo menu de resíduos com chefs estrelados

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Roupas para os garçons e chefs criadas de tecidos reciclados pelos designers da Tilit
Roupas para os garçons e chefs criadas de tecidos reciclados pelos designers da Tilit

No topo da tradicional loja de departamentos Selfridges, grande centro de consumo em Londres, funciona desde o dia 24 de fevereiro e até o dia 2 de abril um restaurante pop-up (temporário) com ingredientes nada convencionais e alguns de pouco apelo visual.

Eles são obtidos de produtos desprezados habitualmente pelos fazendeiros ou entrepostos comerciais e resíduos de outras preparações da indústria alimentícia. Legumes machucados, frutas feias, cortes não nobres de carnes, restos da produção industrial de sucos, cascas das sementes de café.

Comandado pelo chef Dan Barber, o WastED London é o segundo do tipo. O primeiro funcionou por três semanas em março de 2015 em Nova York. Barber é o criador dos premiados restaurantes Blue Hill, onde serve pratos preparados com ingredientes de sua fazenda.

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Releitura do tradicional Fish and Chips, com espinhas e peles de peixes e sobras de cortes de batatas servidos num jornal reciclado
Releitura do tradicional Fish and Chips, com espinhas e peles de peixes e sobras de cortes de batatas servidos num jornal reciclado

Ele é autor de "O Terceiro Prato " (The Third Plate) e foi expoente do movimento da fazenda à mesa, ligado à permacultura, que propõe o encurtamento da cadeia de consumo dos alimentos, aproximando os consumidores dos produtores de sua região.

Segundo essa corrente, melhor seria se restaurantes aproveitassem integralmente a produção sazonal das terras das suas proximidades, mantendo economicamente as pequenas propriedades e o bom manejo do solo, com alternância de culturas e cultivo de sementes tradicionais para fortalecer a diversidade e evitar desperdício.

Barber chamou chefs britânicos estrelados para cozinhar com ele no WastED de Londres. Todos os menus são projetados para aumentar a conscientização sobre o desperdício de alimentos, movimento que tem ficado cada vez mais forte na alta gastronomia.

Doug McMaster, chef e dono do primeiro restaurante lixo zero da Inglaterra, o Silo, foi um dos pilotos da cozinha no primeiro fim de semana, e preparou cenouras numa calda de limão fermentada com whey e queijo.

E a ideia de usar resíduos e reciclar não fica apenas nos pratos. As mesas são feitas de uma madeira verde produzida a partir de tecido prensado. As cadeiras, de palha de alcachofra e bioresina. Tecidos para estofados e uniformes dos garçons e dos chfes foram produzidos com panos reciclados e fibra de cânhamo pela Tilit, dos designers Alex McCrery e Jenny Goodman.

Todo jantar tem uma playlist especial no Spotify, revelando os gostos do chef e de sua turma.

Com preços por pessoa de 15 a 35 libras (R$ 137), o restaurante já não tem mais vagas para os jantares. Mas, segundo o site de reservas, "tudo pode mudar". Coloque seu nome na lista e veja no que vai dar.

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Prato preparado pelo chef Doug McMaster para o jantar no WastED de Londres
Prato preparado pelo chef Doug McMaster para o jantar no WastED de Londres

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