Folha de S. Paulo


Seletiva cresceu 138% desde 2010; SP aumentou coleta e inclusão

A coleta seletiva cresceu 138% desde 2010. Atualmente, 1.055 municípios possuem algum tipo de programa de recolhimento de materiais recicláveis, o que representa 18% das cidades brasileiras. Na maior parte das cidades (54%), a coleta é feita por cooperativas e pontos de entrega voluntários, os PEVs. A coleta de porta-a-porta existe em apenas 29% dos municípios. Quase a metade das cidades (44%) mantêm cooperativas de catadores como agentes executores da seletiva municipal.

Apenas cerca de 31 milhões de brasileiros (15% da população) têm acesso a programas de coleta seletiva, dois pontos acima do número apresentado em 2014 (13%). A concentração de cidades com coleta segue nas regiões Sul e Sudeste, com 81% dos municípios, seguida pela região Nordeste, com 10%, pelo Centro Oeste com 8% e 1% no Norte.

Os números de São Paulo tiveram alteração substancial. Em quantidade de material coletado e inclusão de moradores no programa, a cidade deu um salto. Passou de 5 mil toneladas de recicláveis recolhidos por mês para 7,5 mil toneladas por mês, de 2014 a 2016. No mesmo período, o Rio de Janeiro passou de 959 toneladas mês para 2.783 toneladas/mês. Em inclusão de moradores, São Paulo passou de 42% para 82% da população e o Rio passou de 52% para 65%.

Esses são alguns dos destaques da mais recente pesquisa Ciclosoft para o Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), organização que reúne grandes empresas de diversos setores como embalagens, alimentos, bebidas, limpeza e cosméticos, entre outras.

A pesquisa é tabulada a cada dois anos, desde 1994, com informações fornecidas pelas prefeituras e dados sobre composicão dos resíduos recicláveis, custo da operação de coleta, atuação de cooperativas de catadores e população atendida.

Na visão de Victor Bicca, presidente do Cempre, o crescimento de 138% nos últimos seis anos indica que houve influência positiva da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a PNRS, nas iniciativas no setor. Ele considera, porém, que a velocidade do avanço é muito baixa. "Saneamento e tratamento de resíduos deveriam ser prioridade dos governos, mas quem recicla no Brasil é o catador", diz.

O país perde R$ 8 bilhões por ano com o desperdício de material reciclável, afirma Bicca. Para mudar a situação, seria necessário estruturar a cadeia da reciclagem através de algumas ações. Da parte dos municípios, universalizar (tornar disponível a todos os moradores) a seletiva.

Para tornar os recicláveis atrativos economicamente, seria necessário desonerar os materiais que já foram taxados como matéria prima, ampliar o parque reciclador e com isso empregar formalmente os catadores.

O acordo setorial das embalagens, assinado no ano passado, pode vir a fazer diferença nos números na próxima pesquisa, diz Bicca. O acordo prevê o investimento das empresas que fabricam, comercializam e importam embalagens na abertura de novos PEVs, centrais de triagem e também na elaboração de uma campanha contínua para engajamento dos cidadãos.

"Já no segundo semestre de 2016 devemos ter o desenho de uma campanha guarda-chuva que inclua as iniciativas de várias empresas, usando as redes sociais para orientar e mobilizar para a necessidade da reciclagem", diz.


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