Folha de S. Paulo


Somos todos Neymar

Taí: quem não queria a Copa, quem torceu e ainda torce contra, quem falou e ainda fala mal da melhor Copa dos últimos anos encontrou finalmente seu motivo de regozijo: um jogador medíocre, mal caráter e criminoso tirou o nosso craque maior do campeonato mundial.

Roubou o sonho de Neymar, compartilhado por tantos, entre eles este cronista, de ganhar a Copa do Mundo em seu próprio país.

Ok, vocês venceram - pelo menos por enquanto.

Obtiveram vitória parcial porque a tristeza de não ver mais em campo o talento do nosso camisa 10 não será facilmente superada. Venceram de momento porque a dor do garoto chorando desesperadamente no gramado não vai se apagar tão cedo - e quem tem a lombar estropiada como eu compartilhou profundamente aquele momento de agonia.

Um momento decorrente de maldade pura.

Não era uma jogada que oferecia perigo aos colombianos, ao contrário, ocorreu na intermediária do Brasil, longe do gol adversário.

Mas o talento foi demais para o medíocre Zuñiga, que se armou de toda a sua incompetência de combater o craque de igual para igual, reuniu o fel que escorre irremediavelmente no canto da boca dos maléficos acuados, armou o bote e não foi com o corpo ou com as mãos para impor a jogada faltosa, não! Empinou o joelho e jogou seu peso desproporcional contra o corpo indefeso do gênio dos dribles desconcertantes e dos gols encantadores.

Foi por trás, sem chance, covardemente.

Quebrou o garoto...

Neymar agora está lá com um colete imobilizante, sob efeito de analgésicos e sofrendo o pesadelo que defenestrou seu sonho.

O criminoso Zuñiga? Este só não sai desta Copa como seu principal vilão por conta do neocanibal Luiz Suarez, o doente. Mas será sempre lembrado no futebol pela crueldade, pela deslealdade e pela covardia de seu
ato antiesportivo, passível de punição mais severa ainda do que a aplicada em Suarez - a conferir.

Mas que os detratores de plantão não se façam de rogados: Neymar resultará finalmente vitorioso nesta Copa, ela também vitoriosa, mesmo que o torneio termine para nós na próxima partida.

Não há dúvida que na terça-feira contra a Alemanha todos os jogadores entrarão em campo com fôlego, coragem e disposição renovados.

Afinal, serão todos Neymar.

Porque desde ontem, nós, os que sonhamos, somos todos Neymar.


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