Folha de S. Paulo


Em carta de 2006, Bethlem faz elogios e cobranças a Garotinho

"Quem é mais nocivo à sociedade: um miliciano que dirige van ou um deputado que tem conta na Suíça e até poucos dias era secretário da Prefeitura do Rio de Janeiro, do PMDB?"

Foi dessa forma que o deputado Anthony Garotinho (PR), candidato a governador do Rio, rebateu uma pergunta, no debate exibido pela Rede TV no dia 2 de setembro, sobre se uma de suas propostas não reabilitaria o controle das vans no Rio por quadrilhas de milicianos. A resposta de Garotinho foi um ataque nada velado ao deputado Rodrigo Bethlem (PMDB).

Bethlem teve sua vida devassada a partir de documentos que sua ex-mulher Vanessa Felippe acumulou durante anos contra ele. Arquivos de áudio e vídeos e pilhas de papeis revelaram práticas nada republicanas de Bethlem, como propina que ele próprio admitiu receber enquanto era secretário de Ordem Pública do Rio. O deputado também disse manter uma conta na Suíça, que não consta de suas declarações de bens à Justiça Eleitoral.

Bethlem é do mesmo PMDB de Pezão, principal adversário de Garotinho na corrida pelo governo estadual do Rio. Mesmo PMDB do qual Garotinho já foi um dos caciques no Estado. Quem assistiu aos ataques de Garotinho a Bethlem não poderia imaginar que os dois já foram "amigos" e "parceiros" de campanha. Numa carta datada de 22 de maio de 2006 (leia aqui ), Bethlem faz uma série de rasgados elogios a seu "líder Garotinho".

Na carta, Bethlem diz que tinha ficado no PMDB, naquela ocasião, a pedido de Garotinho. "Apesar de saber que em outro partido aliado teria uma eleição muito mais fácil", ressaltou, sem dizer qual legenda seria.

Em 2006, ainda no PMDB, Garotinho era secretário estadual de Governo do Rio, comandado por sua mulher, Rosinha. Na missiva, Bethlem faz uma série de reclamações a Garotinho, como obras não realizadas, atrasos nos salários de servidores estaduais e até mesmo ter sido impedido, pelo cerimonial da governadora, de discursar na inauguração de um Batalhão da Polícia Militar na Barra da Tijuca.

"O fato é que em consequência de tudo isso eu não tenho conseguido dar o suporte político necessário aos administradores e aos nossos candidatos na cidade", conclui Bethlem.


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