Folha de S. Paulo


Alguns se deram bem em 2017, mas outros se destacaram mais

Paulo Whitaker - 15.nov.2017/Reuters
Soccer Football - Corinthians v Fluminense - Brazilian Championship - Arena Corinthians Stadium, Sao Paulo, Brazil - November 15, 2017. Head coach of Corinthians Fabio Carille celebrates after the match. REUTERS/Paulo Whitaker ORG XMIT: PW0
Jogadores erguem o técnico campeão brasileiro pelo Corinthians, Fábio Carille

Alguns protagonistas do futebol brasileiro não têm por que se queixar do ano que terminou.

A começar por Tite.

Ele saiu melhor que a encomenda ao pegar uma seleção brasileira desacreditada e a classificou com os pés na costas.

Melhor: comandou boas atuações do time sem inventar a roda, com poucas, mas fundamentais, inovações, principalmente ao trazer Paulinho de volta, reiterar sua confiança em Renato Augusto e apostar sem medo no menino Gabriel Jesus.

Sem o medo que seu antecessor teve, em 2010, na Copa do Mundo da África do Sul.

É de se supor que até hoje Dunga tenha pesadelos por ter deixado no Brasil os então jovens Neymar e Paulo Henrique Ganso.

Os dois gastavam a bola no Santos, mas não estavam à disposição quando a Holanda virou para 2 a 1 e o técnico constatou no banco a falência de talentos com potencial para reagir.

Gabriel Jesus agarrou a chance como se fosse a vacina para enfrentar as dificuldades da vida nova em Manchester e encantar Pep Guardiola.

Já Paulinho agradeceu a oportunidade para dar a volta por cima, jogar na seleção como fazia no Corinthians e abrir as portas do Barcelona para receber os pedidos de desculpas de todos os catalães que não acreditaram nele.

Sua estreia no clássico contra o Real Madrid encheu os olhos do mais exigente e refinado apreciador do jogo de futebol.

Quase finalmente, Jô.

Outro que ao voltar criticado ao Corinthians, aos 30 anos, teve a melhor temporada de sua vida, como primeiro corintiano artilheiro de Campeonato Brasileiro, eleito o melhor jogador do torneio que o fez campeão e despertou a atenção dos japoneses para dar seu grito de independência financeira.

Quase finalmente porque houve outros que se deram bem em 2017.

Luan e Arthur, do Grêmio, por exemplo.

O primeiro só não tirou dez porque fraquejou diante dos madridistas na final do Mundial de Clubes.

O segundo chegou à seleção, fez muita falta em Abu Dhabi e permite ao Barcelona sonhar com um substituto para Iniesta, guardadas todas as proporções entre quem promete e quem é um dos maiores de todos os tempos.

Quase finalmente também porque Philippe Coutinho cresceu uma enormidade no Liverpool e tem todas as condições para dividir com Neymar a liderança técnica do time que irá à Rússia tentar o hexa.

E porque Hernanes voltou ao país a tempo de salvar o São Paulo da primeira queda no Brasileiro.

É claro que há muitos outros que se deram bem e, antes que alguém reclame do mais óbvio, o nome de Fábio Carille é obrigatório.

Às vezes o sujeito é obrigado a se curvar diante do que não quer, qual seja, o hábito mundial de ver nos treinadores os maiores responsáveis pelo sucesso de uma equipe.

Este rápido balanço começou com um, Tite, passou por outro, Guardiola, e termina com mais outro.

Porque se Tite fez muito com quase o mesmo e se o catalão não para de socializar a beleza do jogo seja na Espanha, na Alemanha ou na Inglaterra, ambos, sublinhe-se, com direito a escolher, Carille pegou o pouco que tinha e fez o omelete.

Com ovos brancos, como Cássio, e Kuro Tamago, como Jô.

Pesquise, pela última vez em 2017, e saiba o que é.


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