Folha de S. Paulo


A turma que desgosta dos pontos corridos acha que os jogos valem nada

Pergunte aos corintianos se o jogo deste domingo (26) não vale nada, o da entrega da taça contra os atleticanos das Minas Gerais em busca de vaga na Libertadores.

Pergunte aos pontepretanos, que recebem o Vitória neste domingo, os dois numa luta desesperada para fugir do rebaixamento, qual é o caráter do embate em Campinas.

Indague ao torcedor coxa-branca se é amistoso o encontro com o São Paulo no Couto Pereira, ele também com medo da Série B e os tricolores ainda sonhando com Libertadores caso haja G8 ou G9, possibilidades que aumentaram com as vitórias do Grêmio e do Flamengo nos torneios continentais que disputam.

É verdade que para o santista vale pouco o clássico contra o Flamengo, mas para os rubro-negros não, porque se a Copa Sul-Americana escapar, e será difícil manter a vantagem em Barranquilla contra o Junior, os três pontos desta tarde serão fundamentais para devolver o time à Libertadores.

Ou dos avaianos se é irrelevante o resultado de logo mais contra os atleticanos do Paraná.

E assim por diante dos cruzmaltinos que visitam o Cruzeiro, dos tricolores baianos e da torcida de Chapecó se a partida na Fonte Nova é café com leite ou acarajé com churrasco.

Porque só mesmo o jogo do Grêmio contra os atleticanos de Goiás vale nada, com os visitantes já rebaixados e o Grêmio, com seus reservas, apenas para cumprir tabela.

A rodada termina na segunda (27), com Palmeiras e Botafogo.

O Alviverde que fracassou na temporada, não ganhou nada e ainda perdeu até o "mundial" que imaginou ter conquistado em 1951 depois que a Fifa oficializou a Taça Intercontinental como equivalente ao seu Mundial de
Clubes, e só ela, recebe o Glorioso em busca de repetir a façanha do ano passado e voltar à Libertadores.

Que o time, ao menos, procure se mostrar a Roger Machado, o novo técnico que chegará com a missão de ressuscitar a antiga Academia, a que montava times que não se contentavam com títulos, tinham que jogar bem, coisa que, há anos, os clubes brasileiros desaprenderam.

A rodada, como se vê, é desinteressante apenas para quem não está nem aí para a justiça e para a meritocracia, para os "jênios" com jota, aqueles que, se o Brasileiro tivesse terminado na 36ª rodada, gostariam de ver, em mata-mata, o líder Corinthians enfrentar o oitavo colocado, o Galo, embora nada menos que 21 pontos os separem.

Como seria emocionante uma vitória atleticana por 1 a 0, com gol em impedimento, no jogo de ida, e o empate sem gols no de volta, para classificar os mineiros para as quartas de final e eliminar os corintianos! Emocionante, sem dúvida, mas profundamente injusto, como não é o sistema sempre alardeado da NBA, porque o título é decidido em até sete jogos, algo impraticável quando se trata de futebol.

Para não falar dos 12 times que ficariam a ver navios sem ter o que fazer porque não se classificaram entre os oito primeiros.

Quando será que os "çábios", com cedilha, entenderão que é essencial ter um campeonato que assegure jogos para todos durante o ano inteiro?


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