Folha de S. Paulo


Os primeiros sinais do ano de 2017 não animam

Millôr Fernandes disse que "jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados".

Férias terminadas, janeiro valeu só pelo descanso. Porque no país em que ministro do STF voa em avião de empresário, ou da presidência da República, o futebol não poderia ser diferente.

Se não, vejamos:

1. O que a Fifa fez ao aumentar de 32 para 48 o número de participantes da Copa do Mundo não tem motivação democrática, mas financeira e eleitoral, mero populismo.

Óbvio que a qualidade do festival quadrienal do futebol diminuirá com os tais 16 grupos de três seleções, além de as eliminatórias virarem um torneio amistoso.

Gianni Infantino parece o João Havelange careca e deveria saber que os torneios da Uefa, ameaçam a graça das Copas do Mundo.

Se não bastasse, a bobagem de não reconhecer os títulos mundiais de clubes desde 1960, a chamada Copa Intercontinental! A Fifa é patética;

2. Se já se sabia que "a Copa das Copas" produziria uma porção de elefantes brancos, ninguém imaginou que o Maracanã seria o chefe da manada.

3. Se também era previsível que a Rio-16 só seria eterna enquanto durasse, o que estamos vendo poucos meses depois de seu encerramento faz corar até os gregos que organizaram Atenas-2004. E os troianos!

É calote pra cá, calote pra lá, ginásios abandonados, um crime atrás do outro.

E ninguém vai preso!

4. Muito mais rapidamente do aqui prognosticado, a criatura e o criador romperam no Palmeiras.

A submissão ao patrocinador comprova que a auto-suficiência é ainda um objetivo inalcançável para os clubes brasileiros.

A madame comprou sua eleição.

Pode até vir a valer uma Libertadores, mas não fica em pé, como não ficou o esquema do campeão mundial de 2012 pós-Lula, o melhor presidente da história do Corinthians.

Aliás, dizer que a renovação do contrato de patrocínio ficou para depois da eleição do conselho palmeirense, como prova de não-interferência, é hilário. Não deveria ser o contrário?

5. No reino do atualmente nada poderoso Timão, só Luis Paulo Rosenberg poderia ajudar o clube e o estádio a saírem do atoleiro.

Saída recusada pelo presidente de plantão que não quis virar rainha da Inglaterra.

O preço pode ser mais um impeachment sem crime, desta vez com apoio, dissimulado, de deputado federal petista.

Para coroar, nada mais ridículo que o caso Drogba.

6. Para continuar a política de exportação de pé de obra, lá se vai a esperança do São Paulo chamada David Neres, porque vender é preciso, vencer não é objetivo.

7. O Marco Polo Del Nero que não viaja segue em prisão "brasiliar" enquanto seu antecessor permanece em prisão domiciliar, já gozando de algumas regalias, em Nova York, como tantos outros ladravazes com suas magníficas tornozeleiras eletrônicas alugadas junto à Operação Lava Jato.

O futebol brasileiro segue sem receber mais de R$ 300 milhões a que tem direito para erguer centros de excelência em cidades que não receberam a Copa do Mundo, pois a Fifa, com razão, não confia no destino
que a CBF daria aos recursos.

Com razão, porque a CBF é o que é. Mas a Fifa também é, porque não molha nem chove.


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