Folha de S. Paulo


O desafio da seleção de Tite contra o Peru é parar o são-paulino Cueva

Cueva destruiu o Corinthians com um gol e três passes para outros três, no Morumbi, na vitória por 4 a 0, no sábado (5), e aniquilou o Paraguai, em Assunção, cinco dias depois, na vitória peruana por 4 a 1, com mais um gol e novo lançamento para outro.

O são-paulino anda endiabrado.

Você pode rir no temor deste cauteloso colunista e pensar: "Se o time de Tite conseguiu impedir que Messi jogasse no Mineirão, não será Christian Cueva quem assustará em Lima", por mais que seja um jogo de vida ou morte para os locais sobreviverem nas eliminatórias.

Faz sentido o desdém, mesmo que também o rubro-negro e ex-ídolo corintiano, Paolo Guerrero, esteja em campo e que o técnico Ricardo Gareca queira mostrar aos brasileiros que o Palmeiras não teve a devida paciência com o seu trabalho.

Levi Bianco - 5.nov.2016/Brazil Photo Press/Folhapress
Cueva comemora seu gol durante partida contra o Corinthians
Cueva comemora gol durante partida contra o Corinthians

A seleção brasileira, com 28 vitórias contra apenas três derrotas para os peruanos, todas em Copas América, é favorita, buscará sua sexta vitória consecutiva sob nova direção, mas vem de ser eliminada da última competição continental exatamente pelos adversários da madrugada da próxima quarta.

Verdade que o gol que tirou os brasileiros ainda na fase de grupos da Copa América do Centenário, nos Estados Unidos, marcado por Ruidíaz, foi feito escandalosamente com a mão, o que não serviu como desculpa para o péssimo desempenho dos comandados por Dunga, incapazes de reagir e botar os nervos em ordem, marca registrada do estressado técnico de então a contaminar o grupo.

Havia 31 anos sem derrota para os peruanos.

Mas, lembre-se: nada menos que seis dos jogadores daquela seleção deverão estar em campo depois de amanhã; a começar pelo goleiro Alisson e a continuar por Daniel Alves, Miranda, Filipe Luís, Renato Augusto e Philippe Coutinho.

Como Casemiro está machucado é improvável que Tite mexa no que vem dando certo, embora fosse interessante dar mais criatividade para o meio de campo nacional se trouxesse Philippe Coutinho para o setor pela esquerda e lançasse Douglas Costa na direita, com a saída de Fernandinho, ainda mais porque Marcelo, suspenso, dará lugar a Filipe Luís, menos inventivo que o ala do Real Madrid.

Há uma evidente euforia com o desempenho do time canarinho, plenamente justificável depois dos tempos sombrios com Dunga e porque o futebol apresentado tem sido muito superior ao jogado pelos nossos clubes.

Até Paulinho "calou os críticos" na vitória sobre a Argentina.

Por outro lado, existem os que se preocupam com o excesso de otimismo, por medo de que se repita o clima pós-Copa das Confederações, em 2013, quando a vitória sobre a Espanha, também por categóricos 3 a 0 na final, causou a ilusão de achar a equipe pronta para o Mundial de 2014, no Brasil.

Se futebol fosse mesmo só momento, não haveria razão para temores. Como é, sobretudo, continuidade, parece conveniente que não se estabeleçam verdades definitivas com vistas à Copa do Mundo na Rússia, apenas em 2018.

O Peru será o derradeiro adversário da seleção brasileira nesta temporada e Tite e seus rapazes merecem passar um feliz Natal.

Que mais uma vez quem morra na véspera seja o Peru, com todo respeito.


Endereço da página:

Links no texto: