Folha de S. Paulo


Palmeiras em vias de acabar com um jejum de 22 anos

Ricardo Nogueira/Folhapress
Gabriel Jesus domina a bola durante a derrota do Palmeiras para o Santos
Gabriel Jesus domina a bola durante a derrota do Palmeiras para o Santos

O Palmeiras está em vias de acabar com um jejum de 22 anos no Campeonato Brasileiro.

Não é insuportável porque nesse período o clube ganhou uma Libertadores (1999) e três Copas do Brasil (1998, 2012 e 2015).

Quando o rival Corinthians passou outros 22 anos sem gritar campeão, ficou mesmo, porque não ganhou nada. E, então, entre 1954 e 1977, importante de fato, internamente, era o campeonato estadual.

Além do Palmeiras, mais seis gigantes do futebol nacional não festejam um título do Brasileirão há dois dígitos: Galo, Inter, Botafogo, Grêmio, Vasco e Santos.

O alvinegro mineiro, embora ainda alimente esperanças de tirar os sete pontos que o separam do Palmeiras, entrará em seu 46º ano sem vencer o campeonato mais importante do país, primeiro que foi ao vencê-lo em 1971 e...nunca mais.

O Internacional o segue depois de dominar a década dos 1970, com um tricampeonato culminado em 1979. De lá para cá são intermináveis 37 anos.

Botafogo, há 21 anos, Grêmio, há 20, Vasco, há 16, e Santos, há 12, completam a lista.

Não que todos eles tenham passado a pão e água durante a seca de Brasileirões, porque o Colorado até campeão mundial foi em 2006, além de ter vencido duas Libertadores, em 2006 e 2010, assim como o Santos ganhou uma, em 2011, o Galo outra, em 2013, sem se falar em Copas do Brasil que todos venceram à exceção do Botafogo.

Botafogo e Fluminense, por sinal, são os dois grandes que jamais ganharam a Libertadores e é bom lembrar também que a fila no Brasileirão não significa ausência de conquistas nos estaduais, ao contrário.

O Santos, por exemplo, de 2004, ano do último triunfo no Brasileirão, ganhou nada menos do que sete campeonatos estaduais (2006/7/10/11/12/15 e 16), mas, cá entre nós, a festa pelo Paulistinha dura, no máximo, 24 horas –se bem que o Grêmio nem o Gauchinho tem ganho desde 2010, embora lhe reste ainda tentar a Copa do Brasil nesta temporada.

São Paulo, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro e Corinthians vêm de conquistas recentes, todos campeões há menos de dez anos, apesar de o tricolor paulista estar entrando em seu nono ano de fastio.

Mas que se cuidem porque, noves fora o Flamengo, nenhum deles tem motivo para olhar o futuro com otimismo, principalmente o Corinthians, em enrascada que começa numa certa operação em Curitiba, passa pelo gramado e termina nas salas da presidência e do ex-presidente, com consequências gravíssimas também para o estádio de Itaquera.

Se as filas de hoje em dia têm menos gravidade que as de anos atrás, porque são tantas as competições que as chances de se dar bem aqui ou ali aumentaram, o Brasileiro segue sendo o torneio mais importante do país e assim deveria ser tratado, jamais como mera plataforma de lançamento para a Libertadores.

Porque a mediocrização técnica que assola o futebol do continente contamina tudo e todos a tal ponto que, mais uma vez, não teremos um grande campeão brasileiro.

Menos mal que com poucas atrações para a China desfalcá-lo, apesar de a maior estrela já estar a caminho de Manchester para melhorar a vida de Pep Guardiola.

Gabriel Jesus sai da fila e embarca.


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