Folha de S. Paulo


O São Paulo vive momentos que, não faz muito tempo, eram impensáveis

Rubens Chiri/saopaulofc.net
Tricolor vence o Juventude, mas é eliminado na Copa do BrasilSão Paulo cresceu de produção na segunda etapa, buscou o gol da vaga, porém ficou pelo caminho
São Paulo vence o Juventude, mas é eliminado na Copa do Brasil

Os dois clubes mais populares de São Paulo passam por momentos de turbulência.

Os do Corinthians ainda amenizados por um passado recente de vitórias, atual campeão brasileiro e último clube brasileiro campeão mundial, além de seguir vivo na Copa do Brasil, embora a dívida contraída para pagar seu castelo de mármore possa afundá-lo por anos.

A desgraça do PT abalou o clube que contava com um jeitinho para resolver seus problemas e ficou impossível.

A promessa de se transformar num dos maiores do mundo nesta década virou pesadelo.

Já a crise do São Paulo tem solução bem mais fácil, porque embora a vida financeira do Tricolor também esteja complicada, nem de longe se compara à do rival.

O jejum de títulos é que é incomparável.

O último digno de nota foi o do Brasileirão de 2008, quando o tricampeonato nacional, inédito no país, parecia consolidar uma hegemonia duradoura.

Não só não consolidou como de lá para cá o clube ganhou apenas uma Copa Sul-Americana, em 2012, quando o torneio ainda não dava vaga para a Libertadores, era considerado uma espécie de segunda divisão continental e foi ganho contra um time argentino inexpressivo, o Tigre, que nem voltar voltou para o segundo tempo da decisão no Morumbi.

Tempos duros assim o São Paulo só viveu para erguer seu estádio, quando ficou de 1957 a 1969 sem comemorar nada, numa época em que o campeonato estadual era o maior objeto de desejo de todos.

Por sinal, desde 2005 que o São Paulo não comemora nem o Paulistinha, às portas de igualar, no ano que vem, jejum idêntico ao vivido nos anos 1960.

E o objetivo de ganhar pela primeira vez a Copa do Brasil ainda morreu em Caxias do Sul, contra o Juventude, da Série C, estropiado no segundo tempo e vítima de um gol em impedimento.

Pior que isso é difícil.

Hoje o problema se chama literalmente Vitória, com maiúscula e minúscula, no Barradão, em Salvador.

O rubro-negro baiano tem cinco pontos a menos que o tricolor paulista e está a apenas um da zona do rebaixamento.

Caso o São Paulo perca e o Figueirense derrote o vice-lanterna Santa Cruz, em Florianópolis, o time de Cueva voltará ao desconforto de namorar a segunda divisão, algo que até já fez em 2013, o que dá a medida de como a soberania virou fragilidade.

Corinthians, São Paulo e Inter, só para citar os únicos clubes brasileiros campeões mundiais pela Fifa e, também, os únicos campeões mundiais neste século, vivem suas crises técnicas e econômicas por motivos diferentes e com soluções distintas.

São eles e seus problemas agora como o Botafogo vive os dele não é de hoje, o Palmeiras e o Santos já viveram as seus, o Flamengo parece tê-los resolvido, e Galo e Cruzeiro, Vasco e Fluminense sobrevivem permanentemente ameaçados.

Porque não se unem, porque não mudam seus modelos de gestão, porque esperam sempre à salvação pelo cofre da viúva, porque acreditam em milagres, porque são irresponsáveis e temerários, porque deveriam se transformar em SAFs, sociedades anônimas futebolísticas, como propõe o advogado Rodrigo Castro.

É o caminho para serem auto-sustentáveis, campeões e saudáveis.


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