Folha de S. Paulo


Nem aqui, nem na China

OS TIMES chineses não existem no Primeiro Mundo do futebol. Os brasileiros já existiram e não faz muito tempo. Hoje, não.

Nem no mercado interno os times brasileiros se mantêm no topo e basta olhar para Belo Horizonte, onde hoje Galo e Cruzeiro se enfrentam, num dos dois clássicos estaduais da sétima rodada do Brasileiro –o outro, você sabe, será em São Paulo, entre Palmeiras e Corinthians.

Durante dois anos, 2013/14, a dupla mineira dominou o futebol brasileiro, com dois títulos brasileiros, um de Copa do Brasil e, de quebra, uma Libertadores.

Esqueça o deplorável papel atleticano no Mundial de Clubes da Fifa em 2013, eliminado nas semifinais pelo inexpressivo Raja Casablanca ao repetir o vexame do Inter três anos antes, derrotado pelo congolês Mazembe.

No Brasil, o domínio era mineiro.

E nossos técnicos?

Eles ficam bravos quando comparados a estrangeiros, mas sem razão.

Peguemos o que acaba de acontecer na China.

Dois nomões entre os treinadores brasileiros estão voltando da China de armas e bagagens, bolsos cheios e cobertos de opróbrio.

Mano Menezes e Vanderlei Luxemburgo, ex-técnicos da seleção brasileira, não sobreviveram a um semestre na China.

Mano com seu time, o Shandong Luneng, no penúltimo lugar do Campeonato Chinês, duas vitórias, três empates e nada menos que seis derrotas, apesar (ou por isso?) de ter no time Gil, Jucilei, Diego Tardelli e Aloísio, além do argentino Montillo.

O vexame de Luxemburgo é ainda maior: deixa o clube que dirigiu em oitavo lugar da SEGUNDA DIVISÃO chinesa.

Em 12 jogos, quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas com o...o nome do time não importa. Apesar (ou por isso?) de ter no time Jadson, Geuvânio e Luis Fabiano.

De duas, uma: ou realmente os dois chegaram ao fundo do poço e são ex-técnicos em atividade – o que não parece, ao menos, ser o caso de Mano– ou viram na China apenas um pote de ouro para rechear o cofre num semestre sabático.

Em quaisquer dos casos ajudaram a fechar o mercado externo para treinadores nacionais, eles que, com raras exceções, e em Portugal, não são respeitados na Europa, continente do melhor futebol do mundo.

Veja a ironia: na semana do enganoso 7 a 1, caem dois treinadores brasileiros na China e permanece, muito bem sucedido, um, o mesmo que fez sucesso em Portugal, aquele, o do verdadeiro 7 a 1, com todo respeito, chamado de Felipão.

Enfim, é bem provável que Mano ainda tenha emprego no Brasil, coisa que Felipão parece não ter mais, só na China –e adjacências.

Já Luxemburgo, nem aqui, nem na China.

Se bem que, na gangorra permanente dos clubes brasileiros, vai que algum resolve dar a última chance.

O DÉRBI

Na monotonia burra da torcida única, o Palmeiras tem hoje chance de se firmar como candidato ao título se ganhar a terceira seguida, após bater Grêmio e Flamengo.

Para o Corinthians é a possibilidade de obter sua primeira grande vitória nesta temporada.

O empate será melhor para o Alvinegro.

Mas bom mesmo, para ambos, seria seus torcedores poderem acompanhá-los como anfitriões e visitantes.


Endereço da página:

Links no texto: