Folha de S. Paulo


O Paulistinha na hora agá

Paulistinha sim, porque se fosse Paulistão não chegaria às quartas de final com a ridícula média de público de apenas 6.500 torcedores por jogo.

E olhe que é o campeonato estadual mais frequentado do país, para se ter uma ideia da inutilidade dos demais.

O de Brasília, por exemplo, que teria no Mané Garrincha seu palco ideal, tem a média de menos de 800 torcedores por jogo. Já no seu principal estádio cabem 72 mil torcedores, o que obriga um viva para o ex-governador petista Agnelo Queiroz e outro para o ex-ministro do Esporte, o pecedobista Aldo Rebelo.

Não pergunte as médias dos estaduais do Rio Grande do Norte, que abriga a Arena das Dunas, nem do Estado de Amazonas e sua imponente Arena Amazônia, ou do Mato Grosso, com sua não menos dispendiosa Arena Pantanal. Todos têm médias anêmicas, alguns abaixo dos 300 torcedores, outros sem chegar à casa dos 1.700.

Mas voltemos ao Paulistinha em sua fase de quartas de final.

Cabe aqui, rapidamente, explicar por que Paulistinha.

Se a Federação Paulista de Futebol tivesse, digamos, a humildade de chamar o campeonato –como em seus bons tempos, até, no máximo, e com muita boa vontade, 1990–, simplesmente de Campeonato Paulista, assim aqui seria tratado.

Mas o aumentativo meramente marqueteiro merece que alguém o chame por seu porte verdadeiro, no diminutivo.

"Õ", no máximo, é o Brasileirão, exclusivamente por ser o mais importante do Brasil, embora com média de apenas 17 mil pagantes por partida. O Alemão tem média de 42 mil.

Dito isso, voltemos novamente a ele, ao Paulistinha.

Depois de longos 75 dias, eis que chegamos aos jogos decisivos, únicos nas quartas e semifinais, para ter o mata-mata apenas na decisão.

Prolonga-se o tédio para encurtar a emoção.

No sábado, dois jogos que parecem fadados a ter vitórias dos grandes Corinthians e Santos, contra os pequenos Red Bull Brasil e São Bento, em Itaquera e na Vila Belmiro.

Em futebol, sabe-se, tudo pode acontecer, inclusive nada.

Deve ser o caso para os dois alvinegros.

No domingo, o jogo mais complicado, em Osasco, para Audax e São Paulo.

Embate entre a saudável ousadia do treinador Fernando Diniz e o pragmático Edgardo Bauza que, se o Tricolor tiver juízo, já terá voado com seus principais jogadores para La Paz, onde jogará a classificação para as oitavas de final da Taça Libertadores da América.

Não tenha dúvida a rara leitora e o raro leitor que uma vaga nos mata-matas do torneio continental é muito mais importante que a das semifinais do estadual.

Já na segunda-feira, o Palmeiras recebe o São Bernardo, deprimido pela eliminação na Libertadores ou eufórico pela classificação (sim, escreve-se aqui antes de uma coisa ou outra).

O risco do Alviverde é conhecido: o de ir mal em casa, contra times menores.

De realmente notável até agora no Paulistinha, de pouquíssimos jogos dignos de nota, apenas a média de público do Corinthians, de 29 mil torcedores pagantes por jogo, 10 mil a mais que o segundo colocado no quesito, exatamente o rival Palmeiras.

Resta torcer para que, além da emoção, tenhamos bom futebol.


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