Luís Cláudio Lula da Silva começou sua carreira como preparador físico ainda estudante de educação física, no São Paulo, em 2006, como estagiário por três meses no sub-15, para depois ser contratado e trabalhar nas categorias de base do clube.
Lula presidia o país, e Juvenal Juvêncio, admirador e eleitor de Lula, presidia o São Paulo.
Dois anos depois, o jovem foi para o Palmeiras, a convite de Vanderlei Luxemburgo.
O treinador sonhava em ser candidato ao Senado pelo PT de Lula, em 2010, por Tocantins, mas acabou mais uma vez encrencado porque o Tribunal Regional Eleitoral não só não permitiu como o condenou a um ano e meio de prisão, pena revertida em prestação de serviços à comunidade, por "transferência eleitoral fraudulenta".
À época de sua entrada no PT, Luxemburgo a justificou: "Antes o PT era muito radical. Agora ficou mais parecido comigo".
Ao sair do Palmeiras para o Santos, em 2009, ele levou Luís Cláudio junto até que, no fim de 2009, o rapaz foi contratado pelo Corinthians, cujo presidente, Andrés Sanchez, do baixo claro petista, sempre alardeou intimidade com Lula.
Luís Cláudio trabalhou como auxiliar técnico ou de preparação física, entre 2006 e 2010, durante 16 meses no São Paulo, 18 meses no Palmeiras, sete meses no Santos e mais sete no Corinthians.
Já como marqueteiro do alvinegro, é voz corrente no Parque São Jorge que quase foi demitido quando Mário Gobbi assumiu a presidência, mas Sanchez, que comandava a operação do estádio corintiano, reagiu ao argumentar que se tratava de uma "indicação política".
Quem acompanha esta coluna já leu que o melhor presidente da história corintiana foi Lula, por menos republicano que tenha sido.
Os corintianos dirão que seu filho trabalhou em todos os grandes paulistas e que só no Corinthians a relação é motivo de escândalo.
Ser filho de presidente da República não deve ser mesmo fácil porque qualquer emprego que tenha sempre será atribuído ao parentesco e se não trabalhar será chamado de playboy.
É natural que as investigações em curso, ao atingirem em cheio a Odebrecht, olhem também para o estádio em Itaquera, por ela erguido. Afinal, foi Sanchez quem disse que no dia em que a verdadeira história de sua construção fosse contada alguém ficaria em situação difícil.
À revista "Época", em 30/11/2011, Sanchez disse: "Quem fez o estádio fui eu e o Lula. Garanto que vai custar mais de R$ 1 bilhão. Ponto. A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, o Lula e o Emílio Odebrecht".
"O dia em que essa história vier a público, vai ficar feio para quem?", perguntou a revista.
"Não vai ficar feio pra ninguém. Vai ficar, talvez, não imoral, mas difícil para o Lula".
"Por quê?", insistiu a semanal.
"Porque vão falar: 'Pô, como é que uma empreiteira se submete a fazer isso? Por que o presidente pediu?'".
Lula nunca se notabilizou pelo que José Sarney chamava de "liturgia do cargo". Sua informalidade muitas vezes se confunde com promiscuidade, e Luís Cláudio não se preocupou com o quesito.