Folha de S. Paulo


Hoje tem clássico mundial

Sete títulos mundiais em jogo hoje à noite no Monumental de Núnez, infelizmente, para o futebol, felizmente para nós, brasileiros, sem Lionel Messi, sem Agüero e sem Carlitos Tevez.

E com Neymar.

Tomara que Dunga tenha tirado da cabeça que será uma guerra. Ou, ao menos, que não tenha posto na cabeça dos jogadores que eles terão de guerrear em vez de jogar futebol.

Do lado argentino há quem aposte que Neymar será caçado, posto à prova para que se descontrole como na Copa América.

Pode ser, embora a seleção argentina, duas vezes campeã mundial, tenha no banco o técnico Tata Martino, que o dirigiu no Barcelona, e Mascherano, seu companheiro no esquadrão catalão.

Pode parecer ingênuo, pode parecer apenas um sonho romântico, mas como seria espetacular se duas das maiores escolas de futebol do mundo resolvessem apenas jogar.

"Jugar a morir", como dizem os irmãos do rio da Prata, mas jogar, apenas jogar e jogar.

Para "los hermanos" o clássico é mais decisivo que para Neymar e companhia, porque depois de hoje enfrentarão, fora de casa, a Colômbia e, caso percam em seu território, correm o risco de terminar o ano com apenas um ponto ganho em quatro rodadas.

Só saberemos quem Dunga escalará na hora do jogo porque o mistério faz parte do enredo, principalmente quando ainda não existe um time consolidado e sobram dúvidas.

Dunga sempre dirá não ter dúvidas, mas é impossível que não pondere entre a escalação do jovem goleiro Alisson ou dos experientes Jefferson e Cássio, este último provado em jogos contra o Boca Juniors, no caldeirão da Bombonera, e decisivo para parar o Chelsea numa decisão de Mundial de Clubes.

Compreende-se a dúvida de jogar ou não com Ricardo Oliveira, eventualmente escalando Douglas Costa para fazer dupla com Neymar.

Mas é incompreensível que opte por Oscar em detrimento de Lucas Lima. Incompreensível!

Seja para jogar futebol, seja para guerrear, o meio campista santista está alguns degraus acima do meia do Chelsea.

Ou neste caso a escolha será pelo mais experiente, quando não é para escalar o goleiro, convenhamos uma posição em que errar é fatal?

Sete títulos mundiais em jogo, repita-se, menos apenas que Brasil x Itália e Brasil x Alemanha, com nove conquistas, ou que Itália x Alemanha, com oito.

Mas se o critério for mais a qualidade que a quantidade, brasileiros e argentinos ainda ganham, apesar da reviravolta recente da escola alemã que, dizia-se, jogava um jogo parecido com o futebol e hoje ensina o que é jogar futebol.

Mas basta lembrar que apesar do italiano Franco Baresi, do alemão Franz Beckembauer, ambos gênios como o holandês Johan Cruijff e o português Cristiano Ronaldo, na galeria dos maiores de todos os tempos predominam brasileiros, como Pelé, Mané Garrincha e Ronaldo, e argentinos, como Alfredo Di Stéfano, Diego Maradona e Lionel Messi.

Para nossa sorte, Neymar está pedindo uma vaga na constelação e, oxalá, comece a ganhá-la nesta noite, em Buenos Aires, uma das capitais mundiais do futebol.

Que todos tenhamos uma noite inesquecível de arte.

Porque de guerra o mundo está cheio.


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