Folha de S. Paulo


Vem dureza por aí

Mesmo nas campanhas nas eliminatórias que precederam os cinco títulos mundiais da seleção brasileira, poucas vezes a vida foi fácil.

Só mesmo antes do tricampeonato, em 1970, no México, as "feras do Saldanha" não tomaram sustos, com seis vitórias em seis jogos, 23 gols marcados e apenas dois sofridos.

Então, é bom lembrar, o sistema de disputa era outro, os adversários foram as frágeis Venezuela e Colômbia, além do Paraguai, que anunciou uma nova guerra no jogo em Assunção, porque apenas um time se classificava: levou de 3 a 0, fora o baile.

Depois, no jogo de volta, endureceu no Maracanã lotado por mais de 183 mil pagantes, recorde oficial num jogo de futebol no país, e perdeu só por 1 a 0, gol dele, de Pelé, já na metade do segundo tempo, quando bastava o empate.

Para 1962, é verdade, na campanha do bicampeonato, no Chile, foi ainda mais fácil, porque o campeão da Copa do Mundo anterior não precisava disputar as eliminatórias.

Na Suécia, em 1958, a seleção ganhara seu primeiro título depois de passar pelo Peru para se classificar, em dois jogos duríssimos, 1 a 1 em Lima, e 1 a 0 no Rio, gol de Didi cobrando falta, de "Folha Seca".

"Folha Seca" porque mestre Didi, o "Príncipe Etíope", apelido dado por Nelson Rodrigues, fazia a bola parecer que passaria por cima do travessão e ela caía de repente dentro do gol.

Hoje se diz que bateu de trivela.

Para a Copa de 1994, a do tetracampeonato, nos Estados Unidos, já não foi nada mole, com a primeira derrota brasileira em eliminatórias, para a Bolívia, 0 a 2 na altitude de La Paz, no fim do jogo, com o goleiro Taffarel, que havia pegado um pênalti, sofrendo dois gols bizarros, já embriagado pela falta de ar.

A classificação só veio no último jogo, no Maracanã, na vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai, dois gols de Romário, enfim convocado como salvador da pátria pela dupla Carlos Alberto Parreira e Zagallo, que o deixara de castigo até o jogo decisivo.

Finalmente, para a Copa de 2002, na Ásia, a seleção de Felipão perdeu nada menos que seis dos 18 jogos, se classificando em terceiro lugar, atrás de Argentina e do Equador(!), no último jogo, contra a Venezuela, dois gols de Luizão e um de Rivaldo, 3 a 0, em São Luís, no Maranhão.

Se rigorosamente nada nos autoriza a imaginar que as próximas eliminatórias precederão a campanha do hexa, tudo nos faz prever estrada complicadíssima para a Rússia.

Dunga tem a seu favor o desempenho para a Copa de 2010, na África do Sul, quando se classificou em primeiro lugar e com três rodadas de antecedência, embora perdendo de Paraguai e Bolívia, na altitude e já classificada. Foram nove vitórias e nada menos que sete empates.

Pense no que aguarda o time nacional ao estrear fora de casa, sem Neymar, contra o Chile campeão da América. Se vier um empate, estará de bom tamanho.

Vai ser fogo, torcida brasileira!


Endereço da página: