Pela segunda vez seguida a seleção guarani elimina a brasileira de uma Copa América novamente infame
QUATRO ANOS atrás foram aquelas quatro cobranças de pênalti que, como o 7 a 1, simbolicamente, revelaram o estágio de nosso futebol.
Agora, outra vez, o Paraguai segue, o Brasil volta.
O que falta acontecer?
Pensar que, em 1982, depois de Sarriá, um jornal italiano estampou em manchete: "O Brasil somos nós!", óbvio elogio aos derrotados que encantaram o mundo.
Agora, não.
Sermos o Paraguai é apenas demonstração de nossa falência e do quanto há que ser feito para recuperar o futebol brasileiro.
O 1 a 1 foi do nível baixo da Copa América, com um primeiro tempo melhorzinho da seleção brasileira e um segundo horroroso até Thiago Silva dar uma cortada dentro da área e o empate aos paraguaios.
Ser eliminado outra vez nos pênaltis só não pode esconder a realidade: falta jogador, falta time, falta técnico e sobra incompetência no comando.
SOBROU O CHOQUE REI
Diante de mais um fiasco da Seleção, só resta ao torcedor esquecer a Copa América e olhar para o Brasileirão.
O último Choque Rei é de triste lembrança para os são-paulinos que foram conhecer a nova casa alviverde e levaram uma sapecada de 3 a 0, com direito a golaço de Robinho logo de cara, pegando Rogério Ceni adiantado, e a um baile animado pela precoce expulsão de Rafael Toloi.
O jogo de há três meses não tem quase nada a ver com o deste domingo.
A começar pelos treinadores.
O Palmeiras trocou Oswaldo por Marcelo Oliveira e o São Paulo importou o colombiano Juan Carlos Osorio, cujos métodos misturam diplomacia com muita observação e que precisarão de tempo para surtir efeito.
Tempo, como se sabe, é artigo escasso na praça nacional, basta constatar a queda de nove treinadores nas oito primeiras rodadas do Brasileirão, um escândalo que revela apenas o atraso em que vivemos.
Aliás, veja que coisa: uma vitória dos visitantes hoje na arena palmeirense os conduzirá à liderança. E deixará os anfitriões na zona do rebaixamento se o Figueirense tiver arrancado ao menos um empate em Itaquera e o Goiás conseguir outro contra o Fluminense, no Serra Dourada.
Será motivo, então, para Osorio voltar a ser comparado a Pep Guardiola, um exagero sem tamanho, e Marcelo Oliveira, bicampeão brasileiro, ser visto como um treinador, no máximo, para os grandes de Minas, mas pequeno para um Vasco ou um Palmeiras, outra bobagem inominável.
Da mão para a boca como estamos acostumados a olhar para o futebol medíocre que temos, seja no campeonato nacional, seja na seleção nacional, só falta nos acostumarmos à ideia, nem que seja a fórceps, de que estamos longe de ser os reis da cocada preta em matéria de bola e que devemos nos contentar, não nos acomodar, com tal realidade, como a do Choque Rei deste domingo.
Pior situação vivem os cariocas, cujo Clássico dos Milhões, entre Flamengo e Vasco, também hoje, será disputado na Arena Pantanal, em Cuiabá, a quase 2 mil quilômetros do Rio de Janeiro.