Folha de S. Paulo


A energia de Camp Nou

Ah, o Futebol! Com Camp Nou tomado pela paixão da Catalunha, o Barcelona saiu na frente e desenhou o roteiro ideal para distanciar-se do rival na tábua de classificação do Campeonato Espanhol.

Mas em noite pouco inspirada de Leonel Messi, e depois de um dominada em falso de Neymar que o fez desperdiçar o segundo gol, o francês Karin Benzema deu um passe de calcanhar para Cristiano Ronaldo empatar e fazer justiça ao desempenho muito mais dinâmico do Real Madrid, que mandara uma bola na trave antes e tivera um segundo gol, do galês Gareth Bale, anulado por um impedimento milimétrico do craque português.

Marcelo jogava uma barbaridade com a camisa merengue e o time madridista começou o segundo tempo no mesmo diapasão, bem melhor que o anfitrião.

Mestre Tostão tinha dito que o trio atacante sul-americano do Barça o fascina mais que o do Real, por mais "artístico". Modestamente, assino embaixo.

Mas o toque genial do primeiro tempo foi de Benzema, de origem argelina.

Ah, o futebol!

Se nos primeiros 55 minutos o time mais ligado era o da capital espanhola, a partir do 56º, quando Daniel Alves, que havia sido homenageado com um drible estonteante de Marcelo na etapa inicial, fez um lançamento extraordinário para o uruguaio Luis Suárez botar seu time outra vez na frente.

Daí em diante, o Barcelona empassat, literalmente empassat (engoliu, em catalão), o adversário.

Foram pelo menos seis chances claras de gol, duas delas nos pés de Messi, outras duas nos de Neymar e mais duas com Suárez e Alba.

A tomada havia mudado de mãos porque os donos da casa trocaram a fonte e a puseram a seu favor, como seria mesmo de se esperar.

NO PAULISTINHA

Francamente, impossível destacar os jogos do fim de semana em São Paulo.

E olhe que o líder invicto Santos protagonizou dois lances de almanaque no Pacaembu, pena que para menos de 10 mil pagantes, na vitória de 1 a 0 sobre o Audax.

Ricardo Oliveira fez um golaço ao chapelar o goleiro e Robinho deu uma caneta magnífica num adversário tão desmoralizante que ele se desculpou com a vítima.

Já o outro invicto, o Corinthians, coitado, foi obrigado a levar seu valioso elenco para um pasto encharcado em Capivari.

Nem o mais fanático dos torcedores pode ter curtido aquilo que aconteceu no 3 a 2 contra o Capivariano.

NO CARIOQUINHA

Se lá em cima a menção é à energia do Camp Nou, cá embaixo não poderia faltar menção à do Maracanã.

Engalanado em noite de Flamengo e Vasco, o novo templo lembrou o velho porque um Clássico dos Milhões é um Clássico dos Milhões.

Como desde o 7 a 1 as coisas andam feias para o nosso futebol, o que poderia ser um jogo para rivalizar com o da Catalunha foi atrapalhado pela tempestade que até abriu o marcador para o Flamengo.

Verdade que os 22 jogadores no gramado somados não valem um Messi, um Ronaldo, um Neymar ou um Bale.

Mas São Pedro poderia ter colaborado.


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