Folha de S. Paulo


Ponte para o futuro

A Ponte Preta caiu em 2013 e voltou em 2014.

Caiu ao lado do Náutico, Vasco e Fluminense, este último trocado pela Portuguesa no tapetão.

Subiu ao lado do Joinville e com mais facilidade que o Vasco, ainda não matematicamente assegurado.

A velha Macaca, que comemorará seu 115º aniversário, em agosto do ano que vem, novamente na Primeira Divisão como mais antigo clube em atividade no Brasileiro, luta agora por ganhar o título da Série B, taça que pode ser desdenhada pelos grandes mas que, no seu caso, viria a calhar –para enterrar a maldição que a traumatiza há mais de um século.

Há quem diga que a Ponte Preta seja o Corinthians de Campinas, não só pelas cores alvinegras, mas, principalmente, pelo comportamento de sua torcida. Diga isso a um ponte-pretano e ouvirá dele que, no máximo, o Corinthians é que é a Ponte Preta da capital.

Por dessas coisas do destino, o técnico que reconduziu a Ponte ao principal campeonato do país foi o mesmo Guto Ferreira que, no ano passado, salvou a Lusa em campo para ser traído fora.

Ao assumir a Macaca, o time estava em 10º lugar, bem no meio da tábua de classificação, ou melhor, mal no meio da tábua de classificação.

Na estreia, exatamente contra o Vasco, em julho, ficou num empate. De lá para cá, comandou o time em mais quatro empates, sofreu apenas duas derrotas e obteve nada menos que 15 vitórias, o que permitiu a volta à elite com quatro rodadas de antecedência, com 71% de aproveitamento, índice considerável –superior, por exemplo, ao do Cruzeiro na Série A, antes de enfrentar o Criciúma ontem, de 66%.

Que a Ponte Preta se organize para ficar e se o título bater na trave, como bateu o da Copa Sul-Americana no ano passado, tudo bem.

No sábado que vem, justamente contra o Joinville, com quem disputa a taça, o jogo será em Santa Catarina. No primeiro turno, em Campinas, deu Macaca, 2 a 0, e a diferença entre ambos hoje é de apenas um ponto, embora a equipe campineira esteja oito à frente do Vasco, cuja faixa na camisa, ao contrário da da Ponte, sem dúvida, ficará solitária.

Campinas é uma cidade numa região suficientemente rica para manter a Ponte no topo, embora incapaz de assegurar também a presença do Guarani, caindo aos pedaços nas divisões inferiores de São Paulo e do Brasil –uma pena.

Se o alviverde campineiro, também centenário (é de 1911), padece, o Palmeiras, que os rivais chamam de Guarani da capital para provocar, que se cuide.

Não são poucos os analistas que imaginam impraticável que convivam, na mesma São Paulo, três gigantes como os do Trio de Ferro.

A derrota no sábado para os reservas do Galo, categórica, insofismável, quase humilhante, revela com clareza que o Palmeiras precisa de um choque.

Parece livre de cair mais uma vez nesta temporada, mas, ou muda radicalmente ou viverá em eterna insegurança.

Incômodo que, com planejamento, a Ponte tem como evitar.


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