Folha de S. Paulo


O mistério do Santa Luzia

Supermercado da elite paulistana, encravado no meio dos Jardins, a Casa Santa Luzia carrega um curioso mistério para seus frequentadores. Todo santo dia, clientes chegam ao estacionamento do local e se deparam com belos carros antigos parados, em geral nas vagas de mais difícil acesso, como se estivessem hibernando por dias ou semanas.

Os modelos variam. Podem ser fusquinhas coloridos, Karmann-Ghias conversíveis ou um Mercedes 1956 branco. Um modelo, porém, chama mais a atenção, um Mini Cooper antigo, preto, que até parece de brinquedo.

Danilo Verpa/Folhapress
Azuil Lopes e seu Mini Cooper 1993
Azuil Lopes e seu Mini Cooper 1993

Fim do mistério: os automóveis pertencem a Azuil Lopes, 67, diretor da empresa e neto do fundador, Daniel Lopes.

(O português Daniel saiu da minúscula Figueiró dos Vinhos, perto de Coimbra, para abrir as portas da Casa Santa Luzia em São Paulo, em 1926. Por 55 anos, a venda funcionou na esquina da Augusta com a Oscar Freire. Em 1981, subiu para a Lorena, onde ainda está.)

"Quando eu era garoto, um tio meu gostava desses carros diferentes", conta Azuil, que fez sua primeira incursão aos antigos ainda nos anos 1960, quando tinha uns 20 anos.
"Comprei um Chevrolet Ramona 1928. Estava terrível. Gastei demais nele e foi uma alegria vendê-lo."

Uma década depois, retomou o assunto. E hoje possui 50 carros num galpão da zona oeste. Comerciante que é, justifica a coleção financeiramente: "Carro antigo era ótimo investimento".

Entre os preferidos figuram um Renault "rabo quente" 1955, um SP2 vermelho e o Mini Cooper 1993 preto. Apesar de ter só 20 anos, o preto parece bem mais antiguinho. "É que o modelo durou de 1959 até 2000", conta.

E para vender, Azuil? A época é boa? "Sabe que já vendi dois carros para clientes do Santa Luzia?" Uma camionete Ford 1929 verde e preta e um Mazda 1993 vermelho fazem parte da lista.

O cliente vai ao supermercado comprar um pé de alface e volta com um carro. Isso é que é comerciante!


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