Folha de S. Paulo


Mulheres retornam às clínicas para diminuir próteses de silicone

Nos últimos anos, os cirurgiões plásticos têm visto uma queda na disputa por quem tem mais peito. "Antes era uma competição: se a amiga punha a prótese de 250ml, ela queria a de 300ml", brinca o cirurgião plástico Vitório Madarenna.

A maré dos peitos grandes – que teve seu auge com as atrizes Danielle Winits e Joana Prado – recuou. Segundo os médicos, muitas das pacientes que os procuram para trocar a prótese (o que deve ser feito a cada 10 anos), optam por peitos menores.

"Temos notado que, em pacientes mais próximas da menopausa, as mamas mais volumosas dão a impressão de que estão mais gordas. Nessa época, o controle do peso também é mais difícil, por isso elas optam por seios menores", diz Bárbara Machado, chefe da equipe médica da Clínica Ivo Pitanguy

Fotomontagem
Victoria Beckham, ao lado do marido David, em 2003; e a estilista em setembro
Victoria Beckham, ao lado do marido David, em 2003; e a estilista em setembro

"Eu estava me sentindo amatronada. Eu sou magra, faço exercícios, mas parecia estar acima do peso por conta da prótese. Agora eu pareço mais magra", afirma Maria Helena Guinle, 55, que reduziu as mamas recentemente. Da primeira vez que fez a cirurgia, ela deixou que o médico escolhesse o tamanho.

"Fiquei bastante tempo com a prótese grande. Agora está na moda peito pequeno, todo mundo está reduzindo. Você vê nos filmes estrangeiros", diz.

"Houve uma fase de exagero e preferência por mamas volumosas e, de uns dois anos para cá, as mulheres começaram a perceber que é mais bonito uma mama proporcional ao restante do corpo, mais harmônica", explica Juliana Sales, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Associação dos Ex-Alunos do Professor Pitanguy.

Dores nas costas, por conta do peso, é outra reclamação comum entre as mulheres que se jogaram a moda do silicone do início dos anos 2000. "Vemos pacientes com uma postura errada por conta do peso das mamas", diz a cirurgiã plástica.

Os peitões também atrapalham na hora de comparar roupa. "Antes, uma blusa de seda ficava arrochada, agora fica perfeita. Tudo cai bem!", diz Maria Helena.

A prática de corrida é outra inimiga. "Tenho uma paciente que colocou 250 ml há um ano e agora reclama que não consegue mais correr (tem dor e o rendimento diminuiu). Agora, ela vai reduzir para 140ml".

Para o também cirurgião plástico Noel Lima, o corpo das mulheres esta mais esguio, devido às dieta, ginásticas e cirurgias. "[Para esse biotipo], o seio grande demais fica fora de contexto, desproporcional", diz.

AgNews
Danielle Winits era uma das musas das mulheres que queriam seios fartos
Danielle Winits era uma das musas das mulheres que queriam seios fartos

CICATRIZ

Fora a cirurgia, a redução das mamas tem um segundo aspecto negativo: as cicatrizes. "A necessidade de redução de pele depende da elasticidade e da tendência a flacidez da derme de cada um", afirma Madarenna. Após alguns anos, a pele tende a esticar e, para acomodar a nova prótese, é preciso fazer uma redução, o que pode deixar cicatriz.

Mas, de acordo com o médico, mesmo quando não é possível fugir das marcas, as pacientes optam por diminuir os seios.

O médico faz um alerta para quem está pensando em aumentar os seios. "Veja se a caso de flacidez na família, como são os seios da mãe e da avó", diz. Afinal, quanto maior a prótese, cresce também e chance da mama ficar com aspecto caído mais cedo.

ML NÃO É DOCUMENTO

Para os médicos, o tamanho da prótese não significa nada, pois tudo depende da proporção e do tamanho dos seis naturais.

"A mama tem um diâmetro natural que deve respeitado. Se a prótese for maior, dará o aspecto de bolo de noiva, com degraus e não fica natural", diz Madarenna.

Outro risco, segundo os especialistas, é "engordar" a mulher. É consenso que apenas um bom cirurgião é capaz de indicar o tamanho ideal do silicone após conversar bastante e entender o desejo da paciente.

"Hoje até as meninas entre 18 e 22 anos pedem volume menor. Elas já entenderam que são jovens e não dá para ter um corpo de 30", explica Bárbara Machado. Ela também sempre indica próteses menores para mulheres jovens que querem ser mães, por causa dos riscos de maior flacidez.


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