Na coluna de ontem, eu indagava aqui se a manifestação programada para o Largo da Batata daria uma lição aos vândalos e, assim, não teríamos cenas de selvageria.
A resposta é óbvia: a cidade deu uma lição aos vândalos. Ninguém saiu ferido.
Os próprios manifestantes trataram de evitar abusos, enquanto a polícia soube de comportar.
Revelou-se (pelo menos ontem) um sinal de maturidade. A questão é saber até onde vai essa maturidade.
Pela multiplicidade de causas e sentimentos que aglutinam os manifestantes = da corrupção à tarifa de ônibus - difícil saber como o incômodo será traduzindo em soluções concretas.
Afinal, as manifestantes não têm lideranças. Nem partidos. A questão das tarifas, como vemos no Datafolha, é a principal causa de aglutinação. Mas deixou de ser a mais importante força aglutinadora. Quanto tempo mais demora? Resiste à chegada das férias?
O certo mesmo é que existe um crescente incômodo - e cheio de boas razões.
Como já disse aqui, vivemos em cidades-vândalas em que somos vítimas todos os dias de pequenas e grandes selvagerias. É o vandalismo da falta de calçadas, dos atropelamentos, do lixo na ruas, das escolas precárias, dos congestionamentos que não param de crescer, da poluição, dos arrastões, da saúde precária e da péssima qualidade de ensino. Vemos o vandalismo do transporte público em cada esquina.
Não é necessário o movimento se traduzir, neste momento, em ações concretas.
Já é uma boa coisa o aumento da atenção e da participação para os assuntos locais.