Folha de S. Paulo


Maduro e melhor

Hamilton selará o tricampeonato em Austin se vencer a corrida e Vettel não for o segundo colocado.

É um resultado dos mais normais, já aconteceu em 7 dos 15 GPs disputados neste ano.

Se não for em Austin, dificilmente escapará do México. O inglês tem, hoje, 66 pontos de vantagem para o vice-líder. O título só não será dele no Hermanos Rodriguez caso esta folga caia para 49 pontos.

Tudo indica que o GP Brasil, a prova seguinte, penúltima da temporada, será só para cumprir tabela. De novo
.
É questão de tempo: Hamilton se tornará o décimo piloto da história a conquistar três títulos.

O que ficará dessa conquista?

Ficará a facilidade com que aconteceu. E ficará a afirmação de Hamilton como piloto de ponta.

O primeiro título do inglês, em 2008, foi sofrido, conquistado na última curva da última volta da última corrida, em Interlagos.

Hamilton ainda era um quase-novato visto com suspeitas, tinha muito a provar. No ano anterior, jogara fora o campeonato graças a uma rixa boba com Alonso e a um erro banal na China. Tinha talento, isso era evidente.
Mas ainda não se sabia se ele conseguiria transformar esse atributo em títulos.

O segundo título, no ano passado, mostrou amadurecimento.

Hamilton travou um duelo acirrado com Rosberg, mas foi leal e correto o tempo todo. O desequilíbrio, quando houve, foi do companheiro, com aquela batida estapafúrdia em Spa.

A vida fora das pistas já não mexeu tanto com seu desempenho no cockpit. Quando pressionado, correspondeu. Deu uma aula de pilotagem nos EUA e fechou a fatura na última prova do ano, em Abu Dhabi, superando a armadilha da pontuação dobrada.

Em 2015, desde o início Hamilton passou a sensação de domínio total da situação.

Liderou o campeonato desde o começo. Em 15 corridas, foram 9 vitórias, 11 poles, 6 melhores voltas. Um número impressiona: das 896 voltas disputadas nesta temporada, 60% foram lideradas pelo inglês.

Não por acaso, o terceiro título será o primeiro que ele conquistará por antecipação.

Aos 30 anos, com nove temporadas nos bolsos do macacão, Hamilton atingiu um nível de maturidade que nos permite imaginar que sua coleção de conquistas não parará por aí.

Da mesma forma como o criticamos quando brigas com a namorada ou desentendimentos com o pai destruíram suas corridas, agora é justo elogiá-lo por não deixar nada disso afetar o seu trabalho.

De cabeça no lugar, Hamilton pode escalar as listas de recordes. Tem tudo para se tornar um dos grandes da história.

Basta seguir o conselho do seu compatriota Benjamin Disraeli, primeiro ministro britânico no século 19: "Não reclame, não se queixe, cuide bem do seu objetivo".


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