Folha de S. Paulo


A aposta em Bottas

Acontece de tempos em tempos.

O mercado da F-1, todo ele, espera um movimento, uma decisão, para só então se movimentar.

Um piloto torna-se peça-chave, a primeira de uma extensa fileira de dominós.

Em anos anteriores, Vettel, Alonso, Raikkonen, Button ocuparam essa posição. Até Pérez, três anos atrás, viu-se no centro do furacão.

Desta vez, a primazia é de Bottas.

Aos 25 anos e na terceira temporada na categoria, o finlandês tem contrato com a Williams até o fim da temporada. Está livre para assinar com quem quiser para 2016. E a Ferrari, já farta dos caprichos e descasos de Raikkonen, deve ter uma vaga aberta muito em breve.

"Valtteri é o nome mais importante do mercado no momento. Ele mostrou que é um bom piloto e que tem talento para trabalhar em uma equipe de ponta. Mas não podemos esquecer que ele tem a opção de continuar na Williams", disse Massa, seu companheiro desde o ano passado.

Sim, o finlandês pode escolher ficar na Williams. Mas a proposta salarial e a mítica de Maranello raramente falham.

Ocorre que nada acontece até o martelo ser batido e os anúncios oficiais ganharem as redes —sim, é este o método preferido agora. Nesse meio tempo, os rumores tomam conta do noticiário. E é importante separar o joio do trigo.

Bottas é uma boa aposta para a Ferrari?

Estivesse a Seixas Racing diante mesma situação, iria atrás de Hulkenberg. O alemão é um dos grandes desperdícios de talento de sua geração. Já marcou pole, já andou na frente, já venceu 24 Horas de Le Mans.

Aos 27, está mais do que pronto para assumir vaga num time de ponta.

Mas Bottas não é opção ruim. Pelo contrário.

No ano passado, apenas sua segunda temporada na F-1, marcou 52 pontos a mais que Massa e fechou o campeonato em quarto lugar, três posições à frente do brasileiro. Hoje, ocupa a mesma quarta colocação, só atrás de duas Mercedes e da Ferrari de Vettel.

É uma ótima aposta. Mas, ainda assim, uma aposta. E a experiência recomenda esperar para ver o que um piloto promissor pode fazer numa equipe de ponta.

O desempenho depende de uma série de circunstâncias pontuais: dirigibilidade do carro, relação com os pneus, poder de fogo do companheiro de equipe...

Alguns explodem e rumam pro estrelato. Outros, implodem e dificilmente ganham uma segunda chance.

Repito: convém esperar.

"Ótima aposta da equipe. E um degrau que Pérez alcança por méritos próprios", escreveu este colunista em 2012, quando o mexicano assinou com a McLaren.


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