Folha de S. Paulo


Primeiras impressões

Terminada a primeira bateria de testes da F-1, alguns pitacos sobre o que aconteceu em Jerez de la Frontera nesta semana:

Quando Raikkonen elogia algo, é aconselhável prestar atenção neste algo. O finlandês da Ferrari definitivamente não é entusiasta de frases otimistas tampouco marionete de departamentos de marketing. "Comparado com o antecessor, este carro é muito melhor. Ainda há muito o que fazer, coisas a melhorar, mas temos algo em que trabalhar. A equipe fez um bom trabalho durante o inverno", disse, na quarta-feira, após cravar o melhor tempo dos quatro dias na Espanha. Se o carro fosse um lixo, no mínimo ele ficaria quieto.

A Sauber é o coelho da vez. Acontece em toda pré-temporada: uma equipe em busca de patrocínios consegue resultados surpreendentes nos testes e entusiasma os incautos. Quando a temporada começa, percebemos que era cortina de fumaça. Isso é possível porque, nos ensaios, as equipes não precisam seguir o regulamento. Na quarta, Ericsson (!?) fez o segundo melhor tempo do dia, até provocar uma bandeira vermelha, parado na pista por falta de combustível. Estava no bafo. E é só olhar para o C34 para perceber que a situação financeira da Sauber não é das melhores.

A Mercedes escondeu o jogo. No resumão dos quatro dias, ficou com o quarto melhor tempo, obra de Rosberg na terça-feira. Hamilton ficou em quinto. Lembro aqui a coluna da semana passada. No outro extremo das equipes que precisam aparecer, a Mercedes não precisa fazer pirotecnias a esta altura do campeonato. Tem, sim, é de seguir um alemão programa de testes para testar cada parafuso do carro. Do alto de sua (ainda) inocência de estreante, Nasr não teve papas na língua ao comentar o desempenho da adversária: "Eles não deram 100%". Para este colunista, a Red Bull, pelo mesmo motivo, seguiu a mesma estratégia.

McLaren e Honda terão trabalho duríssimo pela frente. Por mais que tenham feito testes em bancos de prova, os japoneses passam agora por aquilo que as outras montadoras enfrentaram há um ano: a cruel realidade de operar as unidades de potência em circuitos de verdade. Em Jerez, a equipe inglesa foi a mais lenta todos os dias. A melhor marca do time, obtida por Button, foi mais de seis segundos pior que o tempo de Raikkonen. Rapadura é doce, mas não é mole, não.

A Williams ainda não fede nem cheira. É melhor esperar um pouco.

INDY

Independentemente de quem tenha sido a culpa, o cancelamento da corrida de Brasília traz embaraços a quem não tem nada a ver com o episódio: o público –que será ressarcido, mas que deixou de assistir ao que queria– e o automobilismo brasileiro –o autódromo parece um campo de guerra–, além de ser mais um tiro na imagem do país lá fora.

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