Folha de S. Paulo


As patrulhas servem aos corruptos

Lalo de Almeida/Folhapress
SÃO BERNARDO DO CAMPOS, SP - 28.10.2010: IRMÃO/LULA - Genival Inácio da Silva, o Vavá, um dos seis irmãos vivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no terraço de sua casa, na periferia de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. (Foto: Lalo de Almeida/Folhapress)
Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do ex-presidente Lula, em sua casa em São Bernardo

Em junho de 2007 a casa de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, foi vasculhada pela Polícia Federal como parte de uma operação denominada de "Xeque-Mate". Investigavam-se contrabandos, tráfico de drogas e exploração de máquinas caça-níqueis. Os agentes ficaram na residência por duas horas, vasculharam até as roupas da mulher e da filha do suspeito. Vavá viu-se indiciado por tráfico de influência. Foram apreendidas duas cartas com pedidos de emprego e um envelope endereçado ao então ministro Aloizio Mercadante. E daí? Se os pedidos e a correspondência não foram encaminhados, tráfico não houve. Interceptações telefônicas provavam que Vavá prometera interceder por um policial que pretendia transferir um filho e pedira "dois paus pra eu" a um dos investigados, que fora preso. Semanas depois o Ministério Público, que chegara a pedir a prisão do irmão do presidente da República, denunciou 38 pessoas e cadê o Vavá? Nada. Faltavam "provas robustas" e ficou tudo por isso mesmo. Tanto para Vavá, como para os servidores que o expuseram à execração pública.

Diga-se que coisas desse tipo acontecem, mas diz-se também que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Pois caiu. Na última terça-feira (10), com autorização da Justiça, a Polícia Civil de Paulínia fez uma busca na casa de Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do primeiro casamento da falecida Marisa Letícia, adotado pelo ex-presidente. Iam atrás de uma acusação anônima, feita ao Disque Denúncia. Na casa do cidadão deveriam encontrar grande quantidade de drogas. Acharam nada, mas levaram um computador. O delegado que autorizou a operação foi afastado.

Isso aconteceu duas semanas depois do suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, acusado de obstruir a ação da Justiça numa investigação em que, antes de ser preso, ele não foi ouvido por ninguém.

As patrulhas policias e judiciárias prestam inestimável serviço ao pessoal que joga com as pretas. Para quem roubou, está roubando ou pretende roubar, esse é o melhor dos mundos.

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