Debandada de patrocinadores, redução nos investimentos, falhas gritantes de gestão, corrupção e até cartolas no xilindró foram manchetes dos esportes no Brasil desde o encerramento dos Jogos Olímpicos, ano passado, no Rio. Notícia ruim foi o que não faltou.
O mês de abril, ao contrário, fechou com um aceno de esperança que pode colocar o esporte olímpico nacional num patamar mais elevado do que o atual. Corajosamente, a CBVela (Confederação Brasileira de Vela) aprovou por unanimidade alteração do seu estatuto, pela qual, a partir de 2020, apenas os medalhistas olímpicos, atletas e oficiais escolherão os dirigentes da entidade.
Um sonho democrático dos esportistas brasileiros, que vira realidade para os velejadores. Espera-se que o exemplo motive as demais áreas dos esportes e seja imitado.
William West - 19.ago.16/AFP | ||
Barco de Martine Grael e Kahena Kunze é carregado após vitória na Rio-2016 |
Os eleitores –cerca de 2 mil–, a razão de ser da vela, apontarão os seus líderes. Pelos regulamentos vigentes até o momento, apenas dirigentes das federações estaduais da modalidade e um representante indicado por uma comissão de atletas votavam na escolha do presidente da confederação.
Um jogo desigual, com clara vantagem a favor da cartolagem, embora o voto unitário do representante dos atletas, adotado há pouco tempo, sinalize para uma minúscula abertura.
Outra proposta em debate no esporte nacional levanta a possibilidade de inclusão dos clubes nas votações. É menos arrojada do que a da vela, com participação total dos atletas.
Coincidindo com as discussões do momento, nesta quinta (4), o Comitê Olímpico do Brasil promove uma reunião de trabalho pautada na integração entre as confederações olímpicas nacionais e os seus atletas.
A novidade fica por conta da participação dos dirigentes das confederações e de dois representantes da comissão de atletas de cada uma delas e de integrantes da comissão de atletas do próprio comitê.
O precedente, agora aberto pela vela, denota ousadia dos seus militantes e dirigentes na busca pela modernização e pela transparência no esporte. Só poderia despontar mesmo na modalidade brasileira com destacado número (7) de medalhas olímpicas de ouro. A democratização é medalha de diamante.
Pan-Americanos
Alegando impossibilidade para assumir investimentos financeiros, Buenos Aires retirou sua proposta de candidatura para a sede do Pan- 2023, que disputaria com Santiago. O Pan-2019 será em Lima, no Peru.
A desistência aconteceu antes mesmo de o chileno Neven Iván Ilic ser escolhido como o novo presidente da Organização Desportiva Pan-Americana, na semana passada. Ilic superou o dominicano José Joaquin Puello
na votação final. O brasileiro Carlos Arthur Nuzman, terceiro, foi eliminado na primeira rodada.