Folha de S. Paulo


Provas de velocidade podem ser atrações da Paraolimpíada

Na Olimpíade do Rio teve esporte para todo gosto e um astro brilhou mais intensamente do que todos os mais de 10 mil participantes do evento. O jamaicano Usain Bolt dominou a cena. Reinou na pista do Engenhão e subiu ao pódio no torneio de atletismo consagrado pelo título de tricampeão olímpico dos 100 m , 200 m e 4x100 m, ou melhor, como o homem mais veloz do mundo.

Aquelas provas de velocidade deram um lustro especial aos Jogos. Na mesma trilha, espera-se um sucesso semelhante apenas dois dias após a abertura dos Jogos Paraolímpicos, no feriado deste 7 de setembro. Sexta, sábado e domingo são os dias das provas rápidas do atletismo na Paraolimpíada, com os 100 m rasos e seus medalhistas.

Um nome chama a atenção, o do irlandês Jason Smyth, que corre na categoria T13, reservada para atletas com baixa visão. Ele é o para-atleta mais veloz do planeta e, como Bolt, vem defender seu título de bicampeão dos 100 m e 200 m nas Paraolimpíadas de Pequim-08 e Londres-12. Há quem o chame de "Bolt da Paraolimpíada".

Nos Jogos Paraolímpicos são várias as provas numa mesma distância. Isto porque a especialidade tem divisões que obedecem o grau de dificuldade dos concorrentes. O Brasil, por exemplo, tem craques em algumas delas.

Um dos velocistas nacionais cotados para subir ao pódio é o paraense Alan Fonteles. Biamputado (não tem as pernas abaixo do joelho desde os 21 dias de vida por conta de uma falha congênita), ele ganhou projeção nos Jogos de Londres, quando desbancou o favorito nos 200 m, o sul-africano Oscar Pistorius.

Depois, Fonteles venceu os 100, 200 e 400 m no Mundial de 2013, em Lyon, na França, mas perdeu a motivação e ficou um ano afastado das pistas.

Voltou no ano passado. Ainda fora da melhor forma, levou prata nos 100 e bronze 200 do Mundial de Doha, no Catar. Recuperou o ânimo para defender seu título paraolímpico diante da torcida brasileira. Richard Browne, dos Estados Unidos, é seu principal rival.

No torneio feminino de atletismo desponta outra grande estrela da delegação brasileira, a velocista mineira Terezinha Guilhermina, cega (retinose pigmentar) e tricampeã paraolímpica (uma vez nos 100 e duas nos 200 m) na sua categoria.

Em entrevistas, revelou ter aprimorado a técnica de corrida, fator que vai ajudá-la nos Jogos do Rio. Ayrton Senna, Pelé e Usain Bolt são os ídolos esportivos da velocista. Na avaliação dela, um reconhecimento especial aos valores de Bolt, seus shows nas pistas e interação com torcedores, que dão maior visibilidade ao atletismo.

O sul-africano Oscar Pistorius foi o mais renomado para-atleta da última década. Como Fonteles, é biamputado e usava prótese. Apesar disso, chegou a competir na Olimpíada de Londres antes de atuar dias depois na Paraolimpíada naquela cidade. Ainda teria condições de correr no Rio.

Não virá porque foi condenado a seis anos —a Promotoria pedia 15— de prisão por ter matado com quatro tiros a sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp. O crime ocorreu em 2013, na África do Sul. Ele alegou ter confundido a namorada com um invasor de sua casa.

Com Jason Smyth, Richard Browne, Alan Fonteles e Terezinha Guilhermina, entre outros, o atletismo da Paraolimpíada tem atração mais do que garantida. Pistorius é passado, antes bom e agora lamentável e triste.


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