Folha de S. Paulo


Caso dos nadadores dos EUA faz lembrar o Pan-07

Episódios repletos de versões contraditórias deixam suas marcas em grandes eventos poliesportivos internacionais realizados no Rio. Primeiro foi o caso dos pugilistas deportados para Cuba no Pan de 2007. Agora, na Olimpíada, é a ocorrência com nadadores dos Estados Unidos.

Nas duas situações emblemáticas, a diplomacia brasileira acabou numa saia justa, encurralada. Sem entrar no mérito de nenhum dos casos, para o bem ou para o mal, tomou-se uma atitude. Foi a única coincidência.

Um criou celeuma porque os atletas foram conduzidos ao avião e mandados de volta para casa (Cuba), depois de terem escapado da Vila Olímpica e passado dias na farra.

Jorge Araújo - 18.jul.2007/Folhapress - Ina Fassbender - 4.jul.2008/Reuters
À esquerda, o pugilista cubano Guillermo Rigondeaux, bicampeão olímpico e mundial, durante treino em que se prepara para o Pan-Americano do Rio; à direita, o pugilista cubano Erislandy Lara durante treino na Alemanha depois do Pan
À esquerda, o pugilista cubano Guillermo Rigondeaux, bicampeão olímpico e mundial, durante treino em 2007, antes do Pan; à direita, o pugilista cubano Erislandy Lara durante treino na Alemanha em 2008

O outro porque os esportistas foram tirados do avião, que os levaria de volta para casa (EUA). A alegação para essa ação foi que os nadadores precisavam prestar depoimento à polícia por causa de um incidente policial.

Os pugilistas cubanos Guillermo Rigondeaux (bicampeão olímpico) e Erislandy Lara abandonaram seus alojamentos nos Jogos Pan-Americanos e sumiram durante dias. Acabaram localizados em Araruama, na região dos Lagos, e acabaram encaminhados para Cuba, de onde fugiram tempos depois, primeiramente para o México.

No período em que ficaram longe da delegação, Rigondeaux e Lara estavam em companhia do agenciador alemão Thomas Doering e de um olheiro cubano, que vivia no exterior, além de mulheres. A dupla, que bancou as despesas na fuga, teria oferecido aos dois pugilistas a chance de lutarem como profissionais na Alemanha.

Os cubanos pediram para ficar por aqui? O governo brasileiro, então sob o comando de Lula, disse que não. Posteriormente, os pugilistas declararam que tinham conversado com autoridades brasileiras para permanecer no país. Essas versões contraditórias nunca contaram com respaldo sólido, que resultasse numa hipótese mais crível de qualquer uma delas.

Sobram versões no evento dos nadadores. Ryan Lochte, o principal personagem do incidente, que declarou ter sido vítima de assalto, retornou aos Estados Unidos antes da notícia vir a público.

Gunnar Bentz e Jack Conger são os nadadores que foram impedidos de embarcar pela Polícia Federal na quarta (17) –viajaram na quinta. A dupla prestou depoimento na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista. Com osdepoimentos dos norte-americanos, mais declarações de testemunhas e vídeos de sistemas de segurança a polícia desmontou a versão de assalto. O Comitê Olímpico dos Estados Unidos reconheceu o erro dos seus atletas e pediu desculpas ao Brasil pelo lamentável comportamento dos nadadores.

Sem outra saída, o próprio Ryan Lochte também publicou em sua página nas redes sociais um pedido de desculpas aos brasileiros pelo falso assalto no Rio. Culpou o fato de não saber português. As controversas versões do episódio não passaram de história para boi dormir.


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