Uma das alegrias de Mauricio Marx e de seus irmãos quando crianças, era descobrir com qual carro seu pai os pegaria na escola.
O advogado Flavio Marx, um dos pioneiros do antigomobilismo no Brasil, gostava de surpresas. Uma vez adquiriu um Jaguar XK-120 no Rio de Janeiro sem contar para ninguém.
Como era de costume, combinou o transporte com seu guincho de confiança, que levaria o carro para São Paulo quando pudesse.
O XK chegou justo no Dia dos Pais. O avô de Mauricio, Júlio Samuel Marx, o primeiro apaixonado por carros europeus da família, recebeu o carro e foi feliz acordar o filho: "Flavinho, que presente maravilhoso! Adorei".
Flavio, que não havia comprado nem um chocolate para o pai, não corrigiu o erro. O Jaguar se juntou ao Austin Healey e ao MGA na coleção do avô.
O maluco da família, conta Mauricio, foi mesmo seu pai. Falecido em 1999, Flavio foi um acumulador de carros antigos. Comprava todo modelo raro europeu que encontrava, não importando o estado. No galpão do seu sítio, ficavam os carros impecáveis. Do lado de fora, no tempo, os veículos "doadores" de peças. Flavio preferia ver os carros desmanchando na natureza do que a machadadas.
Chamavam ele de louco por deixar árvores crescerem no meio dos automóveis e por comprar tanta "sucata".
O tempo provou que Flavio era um visionário. Nos primórdios do antigomobilismo no país, salvou raridades de serem trituradas e vendidas por peso.
Denis Cisma/Folhapress | ||
Mauricio Marx e o Allard 1950 J2 (branco) de competição que seu pai usava em ralis, o Austin Healey BN1 1955 e o Fiat 509 Competizione |