Folha de S. Paulo


A importância da diversidade urbana

Para avaliar a importância da diversidade nas cidades é preciso entender a extensão de sua conceituação. Seu significado vai desde a mistura de usos e atividades até a existência de uma grande variedade de estruturas urbanas e a garantia do direto à cidade pelos mais diversos grupos sociais.

Esse conceito contraria o modelo de planejamento voltado à segregação de áreas homogêneas no tecido urbano. O encorajamento do pluralismo, em busca da diversidade, pode, de fato, ser mais um ativo importante do que uma ameaça.

Estabelecer mecanismos que permitam às pessoas dos mais variados grupos étnicos e sociais terem direitos iguais aos espaços da cidade vai além da eficiência urbana e equidade. Conduz à urbanidade.
A diversidade tem sido apontada como fator essencial para o funcionamento, o crescimento econômico e a atratividade das cidades.

Para alguns pesquisadores, a diversidade deve ser focada nos espaços públicos, tornando cada área residencial um microcosmo da cidade, enfatizando-se a importância de prover espaços que ofereçam elevados níveis de interação entre as pessoas dos mais diferentes espectros sociais.

Todavia, outras formas de diversidade são igualmente importantes no desenvolvimento urbano.

As metrópoles de hoje estão se desenvolvendo rapidamente em cidades criativas, principalmente no que diz respeito às suas funções e ao capital humano. Elas são socialmente diversificadas como resultado da intensificação da migração e das diferenças socioeconômicas, revelando, ainda, múltiplas dimensões da identidade individual.

A convivência com a diversidade, que toca em várias áreas da vida urbana, embora se constitua em um enorme desafio, ao mesmo tempo pode ser um recurso significativo das cidades contemporâneas.

Portanto, embora seja importante descobrir caminhos para planejar a cidade plural, não menos importante é encontrar ferramentas que possam medir essa diversidade, de tal forma que ela possa ser avaliada e comparada em suas várias regiões.

A diversidade de usos, de fundamental importância para a economia e o funcionamento dos centros urbanos, não é algo que necessariamente perceba-se simplesmente analisando uma planta de zoneamento.

Dessa forma, não é possível saber a localização de residências, de uma padaria, uma loja ou um consultório, e essas são informações indispensáveis, uma vez que o aumento da multiplicidade de usos pode alterar profundamente a dinâmica de uma rua, em função da circulação de pessoas.

Nesse aspecto, o georreferenciamento torna-se uma ferramenta essencial para que se possa identificar geograficamente as edificações e seus tipos de uso, de tal forma que seja possível calcular um índice de diversidade espacial de usos para cada região.

Um índice de diversidade de tipos de usos e atividades, aliado às informações sobre a área construída de cada estabelecimento, pode gerar um sistema ponderal que aponte, com maior precisão, o peso daquela multifuncionalidade no contexto econômico de cada região.

A medida da distância a ser percorrida por pedestres para atingir os diferentes estabelecimentos com diferentes usos também pode ser um índice revelador da importância do grau de diversidade para determinada microrregião.

O aprofundamento desses estudos e metodologias será primordial para o planejamento de cidades equilibradas e funcionais.

Novas tecnologias e novas ferramentas de georreferenciamento, que podem representar ambientes reais de forma virtual em três dimensões, sem dúvida incrementarão as possibilidades de desenvolver métodos para melhor visualizar e compreender as multifuncionalidades e sua importância na diversidade das cidades.


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