Folha de S. Paulo


Unicórnio lilás

O unicórnio era lilás com chifre e asas cor-de-rosa. Mas não era um rosa qualquer: ele era brilhante e furta-cor.

Boa essa palavra "furta-cor". Ela quer dizer que a cor muda, é mutante. Dá para confundir com água-furtada -que é um quarto que fica no sótão das casas antigas, apesar de esse tipo de quarto quase não existir mais.

Mas, enfim, o unicórnio era de pelúcia. Se você apertasse uma de suas patas, imediatamente as asas batiam, o bicho relinchava, você ouvia um trotar em sua barriga e, logo em seguida, escutava uma musiquinha aguda.

Impossível não se admirar com a fofura que é esse bicho de pelúcia. Não só as meninas, mas os meninos e os adultos também se revezavam para segurar o bicho, apertar sua pata e ouvir o barulho do pocotó.

Andrés Sandoval
FOLHINHA - Ilustração da coluna Cafuné ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***

Os unicórnios têm asas? Sempre achei que não.

Cavalos com asas, em minha concepção, eram aqueles que puxavam a carruagem de Hélio, o Sol. A cada manhã, o deus grego amarrava os cavalos voadores a sua carruagem de ouro e cruzava o céu ao longo do dia, terminando sua jornada ao entardecer.

Ou então é Pégasus, o cavalo alado fantástico que viveu diversas aventuras na Grécia antiga -são tantas que não cabem neste jornal.

Talvez esse unicórnio de pelúcia seja uma nova espécie chinesa, fruto de uma mente genial, pois, depois de vê-lo pela primeira vez, o mundo não faz mais sentido sem a sua presença.


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